Durante anos, os millennials observaram o C-suite de fora do vidro. Lideraram divisões, tocaram projetos, entregaram inovação. Agora, entre 29 e 44 anos, começam a ocupar o espaço que parecia distante.
Segundo projeção citada pela Fast Company, até 2030 millennials e geração Z representarão 74% da força de trabalho global. É uma transição que deixa de ser hipótese para se tornar realidade, acelerada pelas aposentadorias dos baby boomers e pela necessidade de renovar as lideranças em meio a um mundo instável.
O desafio é claro: não basta herdar o cargo, é preciso estar preparado para assumir. O gargalo de sucessão atrasou carreiras e impediu experiências estratégicas em alto nível. Ironia do tempo: muitos não chegaram ao topo antes justamente porque o topo permaneceu fechado.
Agora, ao entrarem, precisam lidar com um cenário de fluxos organizacionais, economia volátil e valores de trabalho em mutação.
A lição é que sucessão não é evento de emergência. É política de continuidade. Companhias que ainda tratam o planejamento como assunto restrito a poucos correm o risco de enfrentar saídas desordenadas, fuga de talentos e desconfiança do mercado. De acordo com especialistas ouvidos pela revista, preparar cedo, desenhar experiências transversais e responsabilizar líderes atuais pela transição não é luxo — é estratégia de sobrevivência.
Para os próprios millennials, o recado é igualmente forte. Essa geração foi estigmatizada como impaciente ou ansiosa. O teste agora é provar maturidade executiva: buscar projetos com risco real, aprender a linguagem das decisões de conselho, construir uma rede de mentores que atravesse gerações.
Investir em formação executiva é parte do jogo, mas ainda mais importante é cultivar presença: a habilidade de conduzir conversas difíceis, mediar tensões e inspirar sem depender do crachá.
No futuro do trabalho, a liderança não é mais privilégio do mais velho, nem destino certo do mais paciente. É resultado de preparo, leitura de contexto e coragem para assumir o inédito.
As empresas que tratam sucessão como processo, e os profissionais que a encaram como aprendizado contínuo, vão moldar não só seus cargos, mas a forma como o mercado entende poder, confiança e legado.