Você já comparou o preço de uma passagem doméstica brasileira com voos semelhantes na Argentina, Chile ou México? Aqui, as tarifas costumam estar entre as mais altas da América Latina, mesmo para rotas curtas ou médias, algo que pesa no bolso de quem precisa voar. Diversos fatores explicam esse cenário.
Um deles é o custo do combustível e da manutenção, que são dolarizados e, portanto, sujeitos à variação cambial. Outro é o valor do querosene de aviação, as taxas aeroportuárias elevadas, as taxas de embarque, além de impostos e encargos regulatórios que acabam se somando ao preço final da passagem. Também pesa bastante a estrutura do mercado: pouca competição em certas rotas, concentração de aeroportos, tarifas mínimas e custos fixos elevados que as companhias precisam diluir entre poucos passageiros e muitos trajetos regionais.
Em muitos países da América Latina, há mais rotas diretas, serviços regionais mais fortes e maior concorrência, o que ajuda a reduzir os preços. A infraestrutura também entra no jogo. Aeroportos caros, defasados e com restrições operacionais elevam custos e aumentam o tempo de espera. Além disso, o setor aéreo brasileiro paga caro por importações de peças, aeronaves e equipamentos, quase sempre em dólares, o que torna a operação especialmente vulnerável à valorização da moeda estrangeira.
Em economia, não existe alquimia. Tarifas altas só tendem a cair se houver competição real, redução de custos fixos, regulação inteligente e transparência nos encargos. Não dá para esperar milagre: o preço reflete tudo isso e, para reduzir o valor das passagens, é preciso enfrentar todas essas causas — não apenas prometer promoções.