COP30 - Brasil 2025

Alckmin defende ‘COP da responsabilidade’ e lança agenda de descarbonização em Belém

Por

17/11/2025 15:24
Atualizado há 3 horas

Oferecimento:

Segundo o vice-presidente, a COP30 precisa ser lembrada como a conferência da responsabilidade e da implementação (Dìvulgação)

Compartilhar matéria

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, usou a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém do Pará, para cobrar ação imediata dos países e apresentar novas iniciativas da agenda climática brasileira.

Na abertura do segmento de Alto Nível e da 4ª reunião conjunta da COP30, diante de cerca de 160 ministros e representantes de alto escalão de diversos países, Alckmin afirmou que a conferência realizada no Brasil deve marcar uma nova fase no regime climático.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

“O tempo das promessas já passou. Cada fração de grau adicional no aquecimento global representa vidas em risco, mais desigualdade e mais perdas para aqueles que menos contribuíram com o problema”, disse.

Segundo o vice-presidente, a COP30 precisa ser lembrada como a conferência da responsabilidade e da implementação.

“É a Conferência da Verdade, da Implementação e, sobretudo, da Responsabilidade. Com o planeta, com as pessoas e com as gerações que ainda virão. Cada decisão tomada hoje deve preservar as condições de vida na Terra e assegurar justiça entre as gerações”, afirmou.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Compromissos do Brasil e papel da Amazônia

No discurso, Alckmin reforçou os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil. Ele citou a redução de 50% do desmatamento na Amazônia e a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030.

O vice-presidente destacou ainda a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, classificada como ousada, que prevê reduzir entre 59% e 67% das emissões líquidas até 2035, e mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que mobiliza bilhões de dólares para conciliar preservação e inclusão socioeconômica.

A Amazônia foi apresentada como símbolo da relação entre preservação ambiental, desenvolvimento sustentável e dignidade humana.

“Proteger a floresta é proteger as pessoas. A vida humana e a natureza são inseparáveis. Os povos indígenas e comunidades tradicionais são guardiões desse patrimônio, e a Amazônia deve provar que é possível crescer, produzir e conservar ao mesmo tempo”, declarou.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Em outra fala, Alckmin reforçou a responsabilidade brasileira sobre o bioma.

“Somos guardiões de um dos maiores biomas do planeta, e a Amazônia é peça vital para o equilíbrio climático global. Nosso compromisso, de todos nós: elaborar os mapas do caminho para a transição energética e o fim do desmatamento ilegal”, afirmou.

Carta da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial

No Pavilhão Brasil, na Green Zone da COP30, o vice-presidente lançou e assinou a carta de compromisso da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI), construída em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A diretriz pretende acelerar a redução de emissões em setores como siderurgia, alumínio, cimento, papel e celulose.

Alckmin enfatizou a urgência climática e a necessidade de transformar metas em ações concretas. “É urgente reduzir a emissão de carbono e gases de efeito estufa”, disse, ao criticar o desequilíbrio provocado pelo uso intensivo de combustíveis fósseis.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

De acordo com o governo, a ENDI se estrutura em quatro eixos principais:

  • pesquisa e inovação;
  • substituição de insumos fósseis por alternativas sustentáveis;
  • estímulo ao consumo de produtos de baixo carbono;
  • instrumentos de financiamento e incentivos fiscais.

O compromisso foi assinado por Alckmin e pelo vice-presidente da CNI e presidente da Fiepa, Alex Carvalho, consolidando uma aliança entre governo e setor produtivo para impulsionar a economia de baixo carbono.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O vice-presidente citou também os avanços do programa Nova Indústria Brasil e usou o exemplo da reciclagem para ilustrar o impacto econômico da transição verde.

“Se eu pegar a latinha e reciclar, gasto muito menos energia. Ajuda a combater a inflação e reduz custos”, afirmou.

Plataforma Recircula Brasil e programa Coopera + Amazônia

A agenda de Alckmin em Belém incluiu ainda o lançamento da Plataforma Recircula Brasil, voltada ao monitoramento e certificação de cadeias de reciclagem. O esforço busca ampliar a recuperação de resíduos em um cenário em que, segundo estimativas mencionadas pelo governo, apenas 8% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados no país.

No fim do dia, no Pavilhão do BNDES, o vice-presidente apresentou o programa Coopera + Amazônia, dedicado ao fortalecimento de cooperativas e cadeias produtivas da bioeconomia na região. A iniciativa se soma às ações que visam conectar geração de renda, conservação florestal e inclusão social.

Posicionamento internacional e transição energética

Na plenária de alto nível da COP30, Alckmin afirmou que o Brasil chega à conferência reafirmando o compromisso com a energia limpa e a transição energética justa.

“Temos a matriz energética mais renovável entre as grandes economias e somos pioneiros em biocombustíveis e bioenergia”, disse.

O vice-presidente defendeu que a transição não pode “deixar ninguém para trás” e cobrou dos demais países a mesma urgência. “Convido os líderes aqui presentes a agirem com esse mesmo senso de urgência, de pragmatismo e de esperança. O tempo de agir é agora”, afirmou.

Ao mesmo tempo em que destaca o papel brasileiro na matriz renovável e na proteção da Amazônia, o governo apoiou o pleito da Petrobras para buscar petróleo na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas, o que gerou críticas de especialistas diante da perspectiva de ampliação do uso de combustíveis fósseis. A licença foi concedida pelo Ibama em outubro, sob a justificativa de que o órgão constatou a segurança técnica do projeto.

Alckmin defendeu que o enfrentamento da crise climática exige combinação de ética, ciência, solidariedade e cooperação entre governos, empresas e comunidades. “Ética, ciência e solidariedade precisam andar juntas”, resumiu.

COP30 como marco da implementação

Segundo o vice-presidente, a COP30 realizada no Brasil deve marcar a passagem de um ciclo centrado na negociação para uma fase voltada à implementação das metas climáticas. A expectativa do governo é que a conferência deixe como legado iniciativas para ampliar a energia limpa, enfrentar o desmatamento e fortalecer a cooperação internacional.

Ao longo das agendas em Belém, Alckmin buscou associar os anúncios internos, como a descarbonização industrial e os programas de reciclagem e bioeconomia, à defesa de metas globais compatíveis com o limite de 1,5°C e de um financiamento climático considerado mais justo em relação aos desafios dos países em desenvolvimento.

Compartilhar matéria

Siga no