COP30 - Brasil 2025

Protagonismo indígena marca COP30 e impulsiona avanços na agenda climática

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09/12/2025 15:49
Atualizado há 3 horas

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Demarcação, fundos e visibilidade marcam agenda indígena na COP (Ueslei Marcelino/COP30)

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A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) levou a Belém, no Pará, uma das maiores mobilizações indígenas já vistas em uma cúpula climática. Ao menos 5 mil indígenas participaram das atividades, segundo o movimento em diálogo com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Desse total, cerca de 3.500 ficaram hospedados na Aldeia COP, montada na Universidade Federal do Pará.

Os povos originários ocuparam debates, atos e espaços oficiais, ampliando a visibilidade de suas pautas. Na Zona Azul, negociadores acompanharam a contribuição indígena, que também se destacou na inédita Cúpula dos Povos. Na Zona Verde, o Pavilhão do Círculo dos Povos, presidido pela ministra Sonia Guajajara, consolidou o tema no centro da conferência.

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Guajajara ressaltou que a criação do MPI pelo presidente Lula garantiu autonomia e estrutura para uma presença indígena robusta na COP. Segundo ela, 360 indígenas compuseram a delegação brasileira na Zona Azul, superando o recorde anterior registrado em Dubai. Além deles, outros 500 representantes de organizações e países participaram dos debates.

Conquistas e compromissos

O MPI destacou que Belém se transformou em um mosaico de povos, idiomas e culturas durante a COP30. O encontro rendeu anúncios importantes, como a criação de fundos ambientais, incluindo o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Outro avanço foi a assinatura do Compromisso Intergovernamental sobre Posse da Terra, firmado por diversos países.

Também recebeu atenção a homologação de quatro territórios indígenas no Brasil, acompanhada da demarcação de outras dez terras. Para a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, esses resultados refletem o esforço conjunto entre lideranças indígenas e órgãos governamentais. “Foram as vozes indígenas na conferência que nos trouxeram essas conquistas”, afirmou.

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Kleber Karipuna, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), celebrou o recorde de participação. Ele destacou o compromisso brasileiro de proteger 63 milhões de hectares de territórios indígenas e quilombolas. Para ele, dificilmente a presença alcançada em Belém será superada nas próximas conferências.

Aldeia COP: território dentro da conferência

A Aldeia COP recebeu integrantes de 385 povos do mundo todo, sendo 312 brasileiros e 73 vindos de 42 países. Ao longo da conferência, o espaço acumulou 10 mil visitantes. Para a ministra Sonia Guajajara, a estrutura garantiu autonomia e acolhimento ao grande contingente indígena.

Ela afirmou que o espaço se tornou um ponto de encontro, debate e espiritualidade. A criação da Aldeia COP também respondeu ao alto custo de hospedagem na cidade. “Pela primeira vez, a pauta indígena tomou o centro do debate”, celebrou Guajajara.

Concita Sompré, da Federação dos Povos Indígenas do Pará, reforçou a importância da iniciativa. Segundo ela, a Aldeia COP comunicou de forma clara a mensagem que os povos originários repetem há anos. “A resposta somos nós para a floresta em pé”, afirmou.

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Novos instrumentos e denúncias

Durante a COP30, o MPI lançou o Manual de Acionamento e Resposta em Conflitos Fundiários envolvendo Povos Indígenas. A ferramenta orienta lideranças e servidores públicos sobre procedimentos em disputas por terra. O documento foi produzido em parceria com o Banco Mundial.

A pasta também divulgou o relatório Minando Direitos, elaborado com a Flacso. O estudo analisa três casos de conflitos envolvendo mineração na Amazônia e expõe violações contra povos indígenas. A conclusão aponta que a atividade avança sobre territórios tradicionais e agrava impactos climáticos.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), por sua vez, instituiu os Selos Turismo, Ecoturismo e Etnoturismo Indígena. Os certificados reconhecem iniciativas turísticas sustentáveis em territórios indígenas. Eles garantem que a atividade cumpre padrões de segurança, gestão e respeito às tradições locais.

Em resumo, em Belém, a mensagem indígena ecoou com força: proteger as terras tradicionais é proteger o clima do planeta.

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Com informações de portal COP30

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