O Visão Macro de hoje discute, à luz dos últimos dados publicados pela Loft, em parceria com órgãos públicos, o consumo da renda disponível entre aposentados.
O quadro é preocupante. Cada vez mais, o uso dessa renda tem sido direcionado a bens necessários, como habitação, aluguel, alimentação, medicamentos e transporte — e, ainda assim, de forma limitada. Ao mesmo tempo, cresce a confusão entre investimento e aposta, como se sorte fosse sinônimo de ganho. Essa é uma distorção perigosa.
É preciso cuidado com essa tonalidade que associa o acaso a prosperidade. Parte dela vem de vícios comportamentais, que precisam ser enfrentados com políticas públicas eficazes, voltadas a desincentivar decisões financeiras baseadas em apostas. A regulação e a tributação são aspectos relevantes, mas o problema é mais profundo.
Aposta não é investimento. Investimento é uma relação clara entre risco e retorno. Para cada risco assumido, deve haver uma expectativa mensurável — ainda que probabilística — de ganho. A incerteza, por outro lado, não é precificável, e muito menos a sorte.
Outro ponto crítico é o viés do FOMO (fear of missing out), o medo de ficar de fora. Esse comportamento tem levado muitas pessoas, especialmente de baixa renda, a direcionar recursos essenciais para apostas na esperança de ganhos rápidos. O resultado é o oposto: mais risco e menos retorno.
Esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais, onde influenciadores vendem a ilusão do lucro fácil. O alerta é claro: é melhor assistir vídeos que explicam economia do que os que promovem apostas. Precisamos desenvolver um olhar mais crítico sobre onde colocamos nosso dinheiro e, principalmente, sobre como cultivamos a capacidade de poupar ao longo do tempo.
Aposta não é investimento. E todo investimento deve ter um objetivo: perpetuar o patrimônio, mesmo que de forma lenta.
Como disse um velho provérbio financeiro: “Quer saber como ficar rico rápido? Aprenda primeiro a ficar rico devagar.”
