A gestão das empresas públicas brasileiras começa finalmente a mostrar o resultado de décadas de descuido, interferência política e má administração, especialmente nos últimos anos. Estão todas quebradas. De Norte a Sul, o que se vê é o mesmo roteiro: dirigentes escolhidos por critérios políticos, projetos ruins, obras superfaturadas e má governança.
Agora, o caso mais recente é o da Eletronuclear, que acaba de pedir 1,4 bilhão ao Governo Federal para evitar um colapso financeiro. É mais uma estatal que chega ao limite e, como sempre, quem vai pagar a conta é o contribuinte. Além da má gestão, há outro problema igualmente grave: a interferência estatal na condução dos projetos.
Em nome do interesse nacional, o governo insiste em manter sob controle direto setores em que a presença privada seria mais eficiente, transparente e menos onerosa para a sociedade. O resultado é que a Eletronuclear acumula prejuízos crescentes com projetos emperrados e mal planejados. O exemplo mais evidente é Angra 3, um projeto que nasceu torto, foi mal estruturado, mal financiado e pior executado.
Hoje, o que se discute não é mais a geração de energia limpa e segura, mas como evitar que o buraco financeiro da obra engula ainda mais dinheiro público ou do contribuinte. A Eletronuclear, controlada pela Eletrobras, afirma que precisa dos 1,4 bilhão de reais para honrar compromissos imediatos e evitar uma crise de caixa. A empresa alega que as condições de mercado e o modelo de financiamento de Angra 3 não são suficientes para garantir a conclusão do projeto sem apoio da União.
Traduzindo: sem o dinheiro do contribuinte, o projeto não se sustenta. E aí está o ponto central. Toda vez que o Estado insiste em ser empresário, a história termina da mesma forma: ineficiência, dívida e conta para a sociedade. Se o governo decidir socorrer a rede nuclear, o contribuinte pagará, seja por meio de novos aportes orçamentários, seja por meio de aumento das tarifas de energia elétrica. Em qualquer cenário, o dinheiro sai do mesmo lugar: o bolso do cidadão.
A sociedade brasileira não aguenta mais um Estado gordo, ineficiente e caro, que consome recursos escassos e entrega resultados pífios. O setor nuclear brasileiro tem potencial extraordinário. Somos um dos poucos países do mundo com o domínio completo do ciclo do urânio e com grande capacidade tecnológica para ampliar nossa matriz energética. Mas, para que esse potencial se transforme em eficiência e competitividade, precisamos privatizar a operação e a gestão da energia nuclear.
É simples: o setor privado tem capital, eficiência e compromisso com resultados — tudo que o Estado brasileiro parece incapaz de garantir. A Eletronuclear deveria ser parte de um plano nacional de desestatização responsável, com regras claras e segurança regulatória. Não há justificativa técnica para que o Estado continue operando usinas, especialmente quando demonstra ser um péssimo gestor. Em economia, não existe alquimia.
Não há mágica capaz de transformar má gestão em eficiência, nem decreto que converta prejuízo em lucro. Sempre que o Estado tenta operar como empresário, o resultado é o mesmo: gasto público descontrolado, corrupção e desperdício. E a conta, invariavelmente, sobra para quem trabalha e paga impostos.
Se quisermos um setor energético moderno, competitivo e sustentável, precisamos parar de insistir em modelos falidos e abrir espaço para o investimento privado. O Brasil precisa de um Estado que regule, não que opere; que planeje, não que execute; que crie regras e não distorções. Manter empresas quebradas com dinheiro público não é política de desenvolvimento, é a política do atraso. Já passou da hora de encarar o óbvio: o Estado brasileiro não tem condições de continuar bancando projetos que só servem para perpetuar a ineficiência.
