Depois de uma demora sem precedentes, finalmente há uma decisão sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, e ela parece acertada. O potencial da região é enorme e precisa ser explorado com responsabilidade. O Brasil, e especialmente o Norte do país, não pode se dar ao luxo de abrir mão de uma oportunidade dessas.
Proibir a exploração não é coerente em um país pobre e, menos ainda, quando se observa que as grandes potências que defendem a transição energética justa seguem explorando e poluindo. A Noruega, referência mundial em sustentabilidade, anunciou recentemente que vai explorar mais petróleo no Ártico. Enquanto isso, no Amapá, onde 60% das crianças vivem abaixo da linha da pobreza, a exploração é tratada como tabu. Há uma contradição evidente.
Impedimos o asfaltamento em rodovias no Amazonas, onde 70% das crianças estão em pobreza, enquanto a Alemanha continua queimando carvão e o presidente francês Emmanuel Macron defende mais data centers, grandes consumidores de energia — energia que, lá, não é de fonte renovável. O discurso ambiental no Brasil costuma servir mais aos interesses estrangeiros do que ao desenvolvimento nacional.
É verdade que esses países contribuem para o Fundo Amazônia, mas também convém lembrar que, mesmo no ano recorde de desembolsos em 2024, os recursos enviados equivaleram a apenas 0,1% do PIB da região Norte. Um PIB que, diga-se de passagem, é muito baixo. Para os europeus, é um ótimo negócio: gastam pouco, fazem exigências e continuam emitindo. Para nós, fica o custo do atraso. Em economia, não existe alquimia.
Não há como fazer justiça climática mantendo populações inteiras na miséria. A transição energética precisa ser gradual, técnica e, acima de tudo, justa — inclusive para quem ainda precisa crescer e se desenvolver. O Brasil não pode ser o aluno exemplar que passa fome enquanto os outros continuam comendo carne e dirigindo SUV.
Mais do que discursos ou vetos simbólicos, o país precisa de equilíbrio: explorar com responsabilidade, gerar riqueza e investir em uma transição real, feita com tecnologia e inclusão social. Só assim o meio ambiente e o desenvolvimento poderão caminhar juntos.