Promover a igualdade racial no Brasil exige reconhecer a herança deixada por séculos de escravidão. É a partir desse entendimento que a Anglo American tem ampliado políticas internas para enfrentar desigualdades que ainda estruturam o mercado de trabalho. Para a diretora de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da mineradora, Ana Cunha, admitir o problema é o primeiro passo para enfrentá-lo.
Dentro da Anglo American, a equidade racial é tratada como obrigação corporativa. Cunha destaca que empresas diversas são mais produtivas e inovadoras. “A cada aumento de 10% de diversidade racial dentro das organizações, essas organizações ganham 4% a mais em produtividade”, afirma, com base em estudo de ganhos empresariais.
Segundo ela, a empresa estabeleceu metas claras para ampliar a representatividade interna. O objetivo é chegar a 35% de pessoas negras em cargos de liderança até 2028. Atualmente, o índice é de cerca de 31%. Para avançar, a Anglo aposta em vagas afirmativas, programas de aceleração de carreira, mentorias e conscientização.
O papel da liderança
Para a diretora da Anglo, as mudanças só ganham tração quando a liderança assume o compromisso. “No fim das contas, é o líder que contrata, que promove, que ajuda a promover um ambiente mais ou menos inclusivo”, aponta.
Apesar do foco corporativo, para a executiva, equidade não pode se limitar ao ambiente interno. Ela afirma que empresas responsáveis precisam atuar também nos territórios onde estão inseridas. “Os programas precisam também alcançar fora dos nossos muros”, defende, destacando que a diversidade interna só avança quando há capacitação e oportunidades para as comunidades.
‘Assunto sem volta’
Cunha reforça que diversidade e sustentabilidade caminham juntas. Para ela, “não há sustentabilidade sem equidade”, e empresas só prosperam quando oferecem oportunidades reais para todos. A agenda integra o pilar global da Anglo American para um ambiente saudável e uma liderança confiável.
A diretora deixa um recado para empresas que ainda não priorizam o tema. “Não há mais espaço para não colocar na mesa da estratégia de uma organização o tema da equidade”, aponta. “É um assunto sem volta”.
