No Visão Macro de hoje, vamos analisar o tamanho da dívida que os países têm carregado e a dificuldade de rolagem desses passivos em um cenário de juros mais altos, já que o processo inflacionário avançou de forma consistente desde a pandemia.
Podemos observar três fases distintas no histórico da dívida global:
- Primeira fase – custos de dívida elevados, mas níveis de endividamento ainda baixos.
- Segunda fase – vigorou até a pandemia: juros muito baixos, mas com dívidas bastante elevadas.
- Terceira fase (atual) – dívidas altas combinadas com custo de capital também elevado.
É justamente essa terceira fase que preocupa. Em um ambiente de incerteza geoeconômica e política, quanto maior a instabilidade, maior é a necessidade de prêmio de risco no custo de capital e, consequentemente, nos juros futuros esperados. Isso torna a rolagem das dívidas cada vez mais difícil em patamares já bastante elevados.
Diante desse cenário, surge a preocupação de que parte da resolução do problema da dívida global aconteça via vetor inflacionário. Em outras palavras, os bancos centrais podem recorrer à chamada repressão financeira, corroendo o valor real da dívida por meio da inflação.
Esse mecanismo pode até aliviar a dinâmica da dívida e melhorar a sustentabilidade fiscal no curto prazo, mas transfere para a população o peso de uma pressão inflacionária significativa. Aqui está o grande risco.
Por isso, a principal necessidade é fortalecer a poupança e alocá-la em ativos capazes não apenas de gerar retorno, mas também de proteger contra a perda de valor da moeda — os chamados ativos reais.