Vivemos tempos líquidos, mas a confiança, essa âncora invisível, continua sendo a licença de qualquer relação de trabalho. O Ipsos Global Trends de 2024 revela um dado que não pode ser ignorado. Somente 32% das pessoas no mundo dizem confiar no futuro do mercado de trabalho do seu país. No Brasil, esse número é ainda menor, segundo as edições do estudo.
A incerteza econômica, demissões em massa disfarçadas de reestruturação e o avanço da inteligência artificial geram um paradoxo. A gente nunca teve tanta inovação e tanta insegurança. A confiança, porém, não nasce da promessa, ela se constrói na coerência entre discurso e prática.
O estudo aponta que profissionais têm mais confiança nas empresas que têm lideranças visíveis e acessíveis, oferecem crescimento real e não só discurso, investem no bem-estar com dados e não só em campanhas motivacionais. Curiosamente, a mesma pesquisa mostra que países com alta confiança tendem a ser mais resilientes à automação. Isso porque a confiança permite transições mais suaves. Onde tem diálogo, tem menos medo. Onde tem clareza, tem mais futuro.
O futuro do trabalho não vai ser definido somente por tecnologia, e sim pela qualidade dos vínculos que sustentamos no presente. E, nesse mundo em constante transição, a confiança é o ativo mais — e também o mais valioso. E ela começa na forma como os líderes escutam, comunicam e se responsabilizam. O resto é só ruído.