O ramal Beatriz, prometido à população de Contagem como extensão do metrô, ganhou um capítulo típico da velha política. Já foi “autorizado” por Lula, segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em conversa informal com a prefeita de Contagem, Marília Campos, mas o anúncio oficial só virá quando o presidente decidir pousar em Minas. Estamos inaugurando a política de prateleira, onde a obra fica guardada no armário até que a cerimônia de inauguração renda fotos, discursos e palanques.
Se o projeto está aprovado, por que não comunicar de forma transparente, no ato? A resposta é simples e nada técnica. Em tempos de escassez de entregas concretas, cada boa notícia vira moeda de troca eleitoral. Minas, com seu peso político e sua tradição de influenciar eleições, é palco cobiçado. E enquanto isso, a população segue sem saber quando o ramal sairá do papel, ou se ele terá o mesmo destino de tantas promessas que evaporam após o comício.
Essa estratégia não é nova. Governos, de todas as correntes partidárias, adoram transformar anúncio em espetáculo e obra em marketing. O problema é que, nesse vaivém de discursos, a lógica da mobilidade urbana se perde, e a prioridade deixa de ser o transporte para virar narrativa política. O ramal Beatriz poderia ser uma boa notícia para a Região Metropolitana, desafogar o tráfego, encurtar distâncias e atrair investimentos. Mas, por enquanto, é só mais um capítulo da novela.