O Brasil vive preso em um ciclo vicioso. Primeiro se cria um novo gasto, depois se busca uma nova receita para bancá-lo. É o famoso modelo de gastar agora e tributar depois, que tem resultado em uma carga tributária sufocante e em um Estado cada vez mais ineficiente.
O problema é que, sem uma mudança estrutural nesse padrão, seguimos apenas tapando buracos, com mais impostos, menos crescimento e pouca produtividade. Esse modelo se consolidou ao longo das últimas décadas, com o crescimento de despesas obrigatórias, vinculações constitucionais e ausência de avaliação séria sobre a eficiência de políticas públicas. Em vez de revisitar o que já existe e cortar o que não está gerando resultados, seguimos acumulando funções para o Estado, que arrecada cada vez mais, mas entrega cada vez menos.
A consequência disso é um ambiente de negócios pouco atrativo, onde investir, empreender e empregar se torna caro e burocrático. Isso reduz a competitividade do país, afasta investimentos produtivos e acaba penalizando os mais pobres, que são justamente os que mais dependem de serviços públicos de qualidade. A falta de coragem política para revisar programas, limitar privilégios e racionalizar o orçamento é um entrave ao crescimento sustentável.
Enquanto não houver um debate franco sobre a necessidade de reformar o Estado e não apenas arrecadar mais, o país continuará girando em falso. Crescimento com inclusão social exige produtividade, e produtividade exige eficiência no uso do dinheiro público. A boa notícia é que há caminhos possíveis. Adoção de gatilhos fiscais automáticos, revisão periódica de subsídios e programas, e o fortalecimento de mecanismos de avaliação de políticas públicas são algumas alternativas que podem mudar o rumo do gasto público.
Isso exige vontade política e transparência com a sociedade, mas o retorno pode ser um Estado mais eficiente, com menos impostos e mais resultados. Em economia não existe alquimia. Gastar exige responsabilidade, e responsabilidade exige planejamento, avaliação e coragem para cortar o que não funciona. Enquanto insistirmos em gastar primeiro e tributar depois, continuaremos no mesmo lugar — ou pior.