O impacto do discurso de Jair Bolsonaro em ato ocorrido neste domingo (16/3), no Rio de Janeiro, e o cenário pré-campanha eleitoral de 2026 foram analisados nesta segunda-feira (17/3) pelo especialista em marketing político, Paulo Vasconcelos. Para o profissional, que participou de entrevista no 98 Talks, da rádio 98, nesse momento em que tanto direita como esquerda acenam para a base de eleitores do país, nada melhor para Lula do que ter Bolsonaro como candidato a presidência.
“Bolsonaro faz um discurso para convertidos, porque não amplia muita coisa, mas é a estratégia correta para este momento. O que seria bom para o Lula recuperar a imagem dele é o Bolsonaro como candidato, e vice-versa”, exalta.
O especialista diz que as eleições de 2024, e as próximas eleições de 2026, retomam um equilíbrio na maneira de lidar com a sociedade, pois não são baseadas em operações da justiça, como a Lava-Jato, ou na pandemia para alavancar ou não a popularidade dos candidatos.
Para Paulo, é um mito que o eleitor brasileiro está preso na polarização. “O eleitor está frustrado, e existe um desconforto, mas a política é essencial”, destaca.
Terceiro mandado de Lula
Paulo Vasconcelos fez uma análise da estratégia de comunicação do presidente Lula, e de suas mais recentes visitas a Minas Gerais nas últimas semanas. O especialista destacou que qualquer candidato que não prestar atenção no cenário de Minas terá dificuldades nas eleições. “Lula tem uma narrativa velha, e os programas criados por ele que mudaram a vida do brasileiro não pertencem mais ao PT, e sim à sociedade”, afirmou.
Vasconcelos disse ainda que o presidente está despreparado para a comunicação moderna ao citar que sua narrativa atual, na verdade, pertence à direita. “O que Lula precisa refletir é que não existiu até hoje uma campanha para comunicar o que está sendo feito. Pode ser que ainda dê tempo, mas o que vai fazer Lula se recuperar mais rápido é a candidatura do Bolsonaro”, acrescenta.
Termômetro de Zema
Quando o assunto é o potencial do governador Romeu Zema e se ele vai ou não se candidatar à eleição de 2026, Paulo Vasconcelos diz que, na ausência de uma oposição contínua ao governo Zema, a polarização deve se repetir em Minas.
Vasconcelos ainda citou que o discurso de Romeu Zema está amparado no antipetismo agudo, e ressaltou que qualquer governador de Minas deve ser candidato à presidência da República. “Na minha opinião, Zema está com a estratégia correta, mas o que vai ocorrer de fato não podemos prever. Porém, ele é sim um pré-candidato”, confirmou.
Eleições 2026
Questionado sobre quem é o potencial candidato da direita à presidência da república, Paulo Vasconcelos disse que o candidato que extrapola o bolsonarismo é o atual governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, ainda que ele esteja situado na capital paulista. E ressaltou que, no cenário de uma possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele vai precisar de apoio do paulista.
“Se existe um arranjo mais à direita, que avança no Centro, ele é Tarcísio Freitas. Bolsonaro vai precisar de Tarcísio, que seria a maneira de levar o país por um direcionamento mais moderado, de centro-direita. Ele tem diálogo aberto, tem feito a cultura de São Paulo rodar e tem uma visão mais ampla para abraçar essa posição”, afirmou.
No que diz respeito a Lula, para Vasconcelos, o presidente não tem um plano B. “Se eu tivesse que fazer uma previsão, diria que Lula precisa fazer uma virada ao centro, porque apenas com a esquerda ele não vai chegar a lugar nenhum”, finaliza.