Tancredo Neves é uma das figuras mais marcantes da história recente da política brasileira. O ex-presidente eleito morreu dias antes de ser empossado. Além da política, Tancredo tinha uma paixão antiga, cultivada desde a adolescência em São João del-Rei: o Minas Futebol Clube.
No último dia 21 de abril, diversas homenagens marcaram os 40 anos da morte de Tancredo Neves. Diante desse fato histórico, a reportagem da Rede 98 foi em busca de histórias do ex-presidente, que também foi atleta e benemérito do Minas.
Minas Futebol Clube
O Minas Futebol Clube é um clube centenário de São João del-Rei. Fundado em 15 de agosto de 1916 por José de Assis Viegas, Humberto Renari e Verbini Parizzi, suas cores — azul e branco — foram inspiradas na data de fundação, em homenagem a Nossa Senhora da Glória. O escudo e a bandeira, com as letras MFC e 22 estrelas, representam os 22 atletas do Minas.

(Foto: Reprodução)
Tancredo Neves no Minas
Ainda na década de 1920, antes de seguir para Belo Horizonte para estudar Direito, Tancredo Neves chegou a jogar pelo Minas, que disputava torneios amadores na região. Após se formar em Direito pela UFMG, em 1934, ele retornou a São João del-Rei, onde continuou atuando pelo clube.
Entre 1942 e 1946, Tancredo foi presidente do Minas, reafirmando sua ligação com o clube, conhecido como o “coração Mineiro” — apelido dos torcedores. Mesmo após ingressar na vida política, não se afastou do time. Rômulo Pinto Camarano, ex-presidente do Leão da Biquinha (apelido do Minas em São João del-Rei), que comandou o clube de agosto de 1976 a fevereiro de 1987, relembra a participação do ex-presidente eleito.“Tancredo Neves sempre foi Mineiro, mesmo depois de deixar a presidência do clube. Já com uma vida pública cheia de compromissos, ele não se esquecia do Minas. Na época da minha gestão, ajudou muito e sempre estava disposto a contribuir com o clube”, contou Rômulo, hoje com 91 anos.
Ele também recorda que Tancredo foi um dos responsáveis pela construção do ginásio do clube, que hoje leva seu nome.

Minas como profissional
Mesmo com o apoio de Tancredo Neves, o Minas não conseguiu se consolidar nas disputas profissionais. Em 1969 e 2003, o clube chegou a se inscrever na segunda divisão (equivalente à terceira divisão), mas, sem recursos, não conseguiu se firmar — diferentemente do maior rival, o Athletic.
Rivalidade com o Athletic
Assim como o Athletic, o Minas é um clube centenário e, mesmo fora das competições profissionais, mantém sua tradição no Campo das Vertentes. Sobre a rivalidade, Rômulo Camarano compara o clássico ao duelo entre Cruzeiro e Atlético, tanto pelas cores quanto pela forma como a cidade vive os confrontos. “Minas e Athletic sempre movimentaram a cidade. A semana do clássico era complicada. Comparo com Atlético e Cruzeiro. O clima era diferente. Só se falava disso em São João del-Rei”, explicou.
Rômulo guarda na memória uma partida especial contra o rival. “Foi em 1953. Eu era guarda de patrulha do Exército e estava trabalhando no clássico. Era um jogo decisivo, no Estádio João Lombardi, e o árbitro veio de Belo Horizonte. Ele prejudicou o Minas, deixando nosso time com nove jogadores, mas, mesmo assim, vencemos por 3 a 2. Comemorei muito aquela vitória”, afirmou.

Minas pode virar SAF?
Ainda disputando competições amadoras, o Minas detém um patrimônio invejável. Além do ginásio que leva o nome de Tancredo, o clube possui o Estádio João Lombardi, localizado na região central de São João del-Rei, onde também funciona a sede social.

Segundo Rômulo, o clube chegou a receber propostas para se tornar SAF, como aconteceu com o rival Athletic. No entanto, de acordo com o mandatário, o Minas tenta se reerguer com as próprias pernas, sem abrir mão de sua identidade são-joanense.