O dinheiro tem deixado de ser apenas um meio para conquistar estabilidade e qualidade de vida e se tornado fonte de estresse, preocupação e até problemas de saúde. É o que revela o maior levantamento nacional sobre o tema, realizado pela 11, fintech de saúde financeira e previdência privada.
Para entender o cenário, o Start 98 News conversou nesta quinta-feira (3/7) com Ransés Bonora, diretor comercial da 11. Ele comentou os dados alarmantes.
“Obrigado pela oportunidade e por trazer luz a um tema que é tão sensível a nós brasileiros, que são as finanças. Antes de entrar aqui, estava ouvindo um pouquinho a rádio e muitas das pautas que você trouxe foram relacionadas a finanças: INSS, empréstimo consignado, CLT. Então a gente está aqui para falar sobre isso.”
A pesquisa ouviu mais de 8.700 pessoas e revelou que o dinheiro é, hoje, a principal fonte de estresse do brasileiro. “A principal fonte de estresse hoje do brasileiro é o dinheiro, respondendo por mais de 49% da amostra, seguido de família, segurança, política, violência.”
Bonora destaca que o problema está na insegurança financeira, que afeta áreas fundamentais da vida. “O dinheiro deveria ser um meio, não o fim. Mas quando a gente pergunta o motivo da preocupação, as respostas estão sempre relacionadas aos fins: saúde e família. Para 61% dos entrevistados, o medo é não ter dinheiro para emergências, principalmente de saúde ou de familiares.”
O impacto da vida financeira na saúde mental é direto. “A pesquisa mostrou que 72% das pessoas têm a saúde mental ou emocional afetada por causa das finanças. Estamos falando de quase três a cada quatro brasileiros.”
E os efeitos práticos dessa pressão são preocupantes: “65% disseram que desenvolvem ansiedade por conta das finanças, 50% relataram insônia, 21% desenvolveram depressão. E o problema vai ficando mais profundo: quase 20% desenvolveram compulsão alimentar, outros acabaram entrando em vícios como alcoolismo e outros comportamentos prejudiciais.”
Para Bonora, as finanças são um elo central que conecta todas as dimensões da saúde. “Quando a saúde financeira vai mal, isso impacta a saúde mental, que por sua vez afeta a saúde física e as relações sociais. Por exemplo, a pessoa fica ansiosa, desconta na alimentação, desenvolve problemas físicos, e os conflitos chegam em casa, nas amizades, nos relacionamentos amorosos.”
A situação, segundo ele, contribui inclusive para o fim de casamentos: “hoje, a maior causa de divórcio no Brasil são as finanças. Afeta a saúde mental, a saúde física e a vida social.”
Ransés afirma que o caminho para melhorar esse cenário passa pelo acesso a informação e acompanhamento especializado. “Quando a gente está com problema de saúde física, a gente vai ao médico. Faz exame, recebe um diagnóstico e faz acompanhamento. A saúde financeira não é diferente. O problema é que nem todo mundo tem acesso a esse acompanhamento.”
Por isso, Bonora defende o papel das empresas como agentes de transformação. “Hoje, a instituição em que o brasileiro mais confia é o empregador. Muito acima de governo ou exército. As empresas têm um papel social fundamental nessa revolução da saúde financeira.”
Segundo a pesquisa, esse é um ponto valorizado pelos trabalhadores: “70% dos entrevistados disseram que trocariam de empresa por uma que oferecesse benefícios financeiros ou cuidados com a saúde financeira.”
Bonora conclui reforçando que não existe solução mágica, mas há caminhos possíveis. “Não tem caminho fácil. É preciso buscar ajuda de um profissional. As empresas hoje são as instituições com maior capacidade de oferecer essa solução completa: conscientização financeira, palestras, planejadores que ajudem as pessoas a sair do endividamento ou alcançar seus objetivos”.