Na era da inteligência artificial generativa, em que é possível escrever um relatório em questão de segundos, gerar uma imagem em cliques ou automatizar uma estratégia inteira com um prompt, surge uma nova questão: onde termina a eficiência e começa a fraude?
Estamos diante de uma revolução silenciosa, na qual muitos profissionais utilizam a inteligência artificial sem critério — e pior, sem crédito e, em alguns casos, sem consciência.
Segundo a IBM, 35% das empresas no mundo já implementaram IA em parte significativa dos seus processos, mas poucas criaram políticas claras sobre uso ético, autoria e responsabilidade. Esse vácuo está gerando distorções: currículos inflados com portfólios criados por máquina, artigos assinados por pessoas que não escreveram uma linha e decisões sensíveis automatizadas sem supervisão humana.
De acordo com o relatório Inteligência Artificial no Trabalho, da PwC, 59% dos líderes afirmam não ter certeza se as equipes utilizam IA de maneira ética ou transparente. Isso mostra que o problema não é só técnico — é ético, cultural e organizacional.
Há uma diferença enorme entre usar IA para acelerar o raciocínio humano e usar para simular uma competência que não existe. É nesse limite, embora sutil, que uma reputação pode ser construída ou destruída.
Em um mercado que valoriza a agilidade, a tentação do atalho é enorme. Mas o futuro não será dominado por quem copia com eficiência, e sim por quem cria com integridade.
A autenticidade virou ativo, a intenção virou filtro e a coerência virou critério. O profissional do futuro não é apenas aquele que sabe operar a inteligência artificial com perfeição, mas aquele que entende até onde ela pode ir e até onde ele deve responder por suas escolhas.
Porque não é a tecnologia que define a ética — somos nós.