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Como apontam analistas, o Copom tem de manter sua postura de vigilância e perseverança (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Como apontam analistas, o Copom tem de manter sua postura de vigilância e perseverança (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Com a vigência das tarifas norte-americanas, muitos se perguntam: até que ponto isso vai pesar no bolso do brasileiro? A resposta técnica, com base em estudos econômicos e experiências anteriores, é que tarifas de importação costumam provocar efeitos inflacionários apenas transitórios.

Isso porque o impacto tende a se concentrar nos preços relativos dos bens diretamente atingidos, sem alterar de forma duradoura a inflação geral da economia — desde que o câmbio, a política fiscal e as expectativas permaneçam sob controle.

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Por outro lado, muitas variáveis continuam fora do radar. A necessidade de reajustes pode recair sobre setores com maior perda de repasse, e a rigidez fiscal pode impedir que o Banco Central ajuste os juros com a agilidade que essa situação exige.

Como apontam analistas, o Copom tem de manter sua postura de vigilância e perseverança, o que pode atrasar cortes necessários de juros, mantendo a economia em compasso de espera.

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Além disso, a inflação é apenas uma das faces do problema. Tarifas criam distorções de mercado, reduzem a competitividade e alteram decisões de investimento e produção. Mesmo que os preços ao consumidor não disparem, os efeitos negativos sobre as cadeias produtivas — especialmente as voltadas à exportação — podem comprometer o desempenho econômico e o crescimento de longo prazo. E isso impacta emprego, renda e arrecadação.

Outro ponto importante: tarifas protecionistas, quando impostas por parceiros comerciais, podem ser replicadas como retaliação ou estímulo ao fechamento de mercados. Nesse cenário, o Brasil — que já possui uma economia fechada em comparação aos seus pares — pode ver sua chance de maior inserção internacional ainda mais comprometida.

Ao invés de reagir com mais proteção, o país deveria responder com mais abertura, mais competitividade e melhor ambiente de negócios. Em economia, não existe alquimia. Nem toda medida trazida como solução é realmente benéfica.

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Um choque tarifário pode não inflacionar a folha dos supermercados, mas isso não significa que ele não traga efeitos colaterais — ou que o país saia ileso. Monitorar o mercado cambial, ajustar a política fiscal e manter o juro sob controle será possível apenas com medidas estruturais. Nada será resolvido com jogadas pontuais.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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