As exportações de Minas Gerais para os Estados Unidos despencaram mais de 50% em agosto, apenas um mês após entrar em vigor o tarifaço imposto pelo governo americano. A medida, válida desde 6 de agosto de 2025, elevou de 10% para 50% as tarifas de importação sobre diversos produtos estratégicos para a economia mineira.
Um levantamento feito pelo Centro Internacional de Negócios da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado) aponta que as vendas de Minas aos EUA caíram de US$ 431,67 milhões em julho para US$ 213,94 milhões em agosto.
O recuo levou o Estado a registrar, pela primeira vez desde 2018, déficit na balança comercial com os norte-americanos: cerca de US$ 21 milhões. Tradicionalmente, Minas mantém superávit nesse comércio.
O ferro gusa foi um dos produtos mais impactados com queda de 73,6% nas exportações para os EUA. Já o café apresentou retração menor, de 17%.
A projeção da FIEMG é de que os impactos se intensifiquem nos próximos meses. “Esse impacto tende a se acentuar um pouco mais, pois o mercado internacional ainda está se acomodando às novas taxas. Além disso, fatores como os que permitiram a antecipação de embarque de alguns produtos para antes de 6 de agosto não devem se repetir se mantidas as condições atuais”, explica Verônica Winter, coordenadora de Facilitação de Negócios Internacionais da FIEMG.
Na contramão da queda geral, os embarques de equipamentos elétricos (como transformadores e bobinas) cresceram 316% em agosto. Segundo Verônica Winter, esse aumento foi pontual e aconteceu por causa da antecipação de cargas embarcadas antes de 6 de agosto, ainda sujeitas à tarifa antiga de 10%.
Crescem exportações para outros mercados
Apesar da queda nas vendas para os Estados Unidos, a balança comercial de Minas Gerais segue positiva graças ao peso crescente da China e de outros parceiros internacionais. Em agosto de 2025, o superávit mineiro foi de US$ 1,5 bilhão, acumulando US$ 16,9 bilhões no ano. A China ampliou sua participação de 36,6% em 2024 para 41% neste ano, consolidando-se como principal destino das exportações do estado.
Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic), compilados pela Fundação João Pinheiro. A mudança de rota das exportações tem sido essencial para compensar as perdas provocadas pelo tarifaço norte-americano.
Com metade da pauta exportadora concentrada em minério de ferro e café, Minas Gerais conseguiu manter desempenho positivo porque esses produtos encontraram maior absorção em mercados asiáticos e europeus. Assim, mesmo diante da queda nas vendas para os EUA, o estado reforçou sua posição como o terceiro maior exportador brasileiro em 2025.