Denegrir é um termo racista. A palavra está, como dizem, carregada de preconceito racial. Mas denegrir não seria apenas manchar? Bom, eu pensei muito antes de trazer à bola essa questão, porque eu, obviamente, sou um sujeito bastante pálido. Mas eu quero lembrar que eu aqui trato de temas etimológicos. O meu foco é a origem das palavras e as alterações semânticas que vão ocorrendo ao longo do tempo.
De um ponto de vista aí estritamente etimológico, denegrir vem do latim denigrare, que significa manchar. Mas na raiz do termo está a palavra negra, feminino de niger, que é preto em latim. Ou seja, trata-se de uma mancha escura. Portanto, denigrare em latim significava escurecer, enegrecer. Denigrare era tornar escura a imagem de uma pessoa.
Em português, o termo também se encontra dicionarizado com esse sentido, de manchar a reputação de. Agora, é preciso entender as palavras para além de seu contexto etimológico. O sentido de um termo é algo que se cristaliza a partir de referências também culturais e históricas.
E, numa sociedade colonialista e vergonhosamente escravocrata, a associação negativa ao que é escuro ou preto foi se acentuando em desfavor de pessoas de pele negra, a partir de metáforas aparentemente inocentes: lista negra, passado negro, a coisa tá preta.
Portanto, embora a palavra denegrir não seja, em sua origem, um insulto racial, é um termo que a maioria de nós prefere evitar para não reforçar estereótipos negativos em relação a um grupo específico. Você sempre pode dizer simplesmente “difamar” ou “desacreditar”, que têm o mesmo significado.
Continua a história de hoje? Bom, então fica aí ou me segue lá no Instagram, que daqui a pouco eu conto outra.
