Na cadeia global da mineração, decisões estratégicas vão além dos portões da empresa e geram impactos sociais diretos nas comunidades do entorno. Elas se desdobram no território, moldam relações sociais e fazem parte do cotidiano de moradores. Uma mudança de cronograma, a definição de prioridades de investimento ou a revisão de protocolos de segurança são escolhas que chegam às casas, associações comunitárias e às conversas diárias de quem vive próximo às operações.
É nesse contexto que ganha centralidade a Política Social Way, sistema de gestão social adotado pela Anglo American para orientar como as operações devem identificar, prevenir e lidar com impactos sociais e riscos aos direitos humanos. A política parte do reconhecimento de que o desempenho social não é um efeito secundário da mineração, mas um elemento estrutural da operação, alinhado a padrões internacionais como os Princípios Orientadores da ONU sobre Negócios e Direitos Humanos e os Padrões de Desempenho da International Finance Corporation (IFC).
“O Social Way é o sistema de gerenciamento do desempenho social da nossa empresa. Ele orienta como identificamos, avaliamos e gerimos riscos, impactos e oportunidades sociais ao longo de toda a operação. A partir desse mapeamento, conseguimos tomar decisões mais responsáveis, alinhadas aos direitos humanos e que façam sentido para quem vive no território”, explica Nathalia Coelho, coordenadora de Performance Social da Anglo American.

Da governança corporativa ao território: a mineração no dia a dia das comunidades
Diferentemente de iniciativas pontuais, o Social Way estabelece uma lógica contínua de atuação, presente desde o planejamento da mina até a relação com moradores, lideranças e instituições locais. A política define que os impactos sociais da mineração devem ser antecipados, discutidos e geridos de forma integrada, envolvendo áreas como operação, saúde e segurança, meio ambiente, jurídico e planejamento.
Essa abordagem dialoga com o Plano de Mineração Sustentável da empresa, estruturado em pilares ambientais, sociais e de governança (ESG), que orientam a atuação de longo prazo nos territórios.
Na prática, essa diretriz se traduz em presença constante nos municípios do entorno do sistema Minas-Rio, em Minas Gerais. Em 2025, equipes de Relacionamento com Comunidades promoveram mais de 35 reuniões comunitárias, envolvendo 13 comunidades de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e Dom Joaquim. Os encontros abordaram temas sensíveis, como segurança de barragens, reassentamento, meio ambiente e etapas futuras da operação.
“As reuniões comunitárias são espaços de escuta, esclarecimento e diálogo permanente. Muitas vezes, é nesses encontros que surgem contribuições importantes das comunidades, que levam a ajustes nas ações da empresa e ajudam a construir soluções de forma conjunta”, afirma Nathalia.
Além das reuniões, moradores participam de monitoramentos de qualidade da água e de ruído, visitas técnicas e cursos de capacitação ligados aos Programas de Convivência e Reestruturação Produtiva. A proposta é garantir que as comunidades tenham acesso às mesmas informações da empresa e possam acompanhar, de forma informada, o que acontece no território onde vivem.

Canais de diálogo e confiança entre mineração e comunidades
Outro eixo da política é o funcionamento de mecanismos formais de escuta, como o canal Fale Conosco, criado para registrar queixas, denúncias e solicitações relacionadas às operações. O sistema permite manifestações anônimas, registra protocolos e estabelece prazos claros para resposta, seguindo critérios internacionais de direitos humanos e as melhores práticas recomendadas pelas Nações Unidas.
“Ter um canal acessível e previsível ajuda a evitar conflitos e a construir confiança. As pessoas sabem onde procurar a empresa e como suas demandas serão tratadas”, explica a coordenadora.
Ao estruturar o diálogo como método — e não apenas como resposta a crises — a Política Social Way reposiciona a gestão social como parte central da governança corporativa da mineração. Mais do que mitigar impactos, a proposta é criar relações mais transparentes, reduzir tensões históricas e reconhecer que decisões corporativas na mineração têm efeitos diretos e duradouros sobre a vida das comunidades.
