Após mais de um mês sem jogar, o Cruzeiro terá, nos próximos dias, uma sequência de jogos. Leonardo Jardim, treinador da Raposa, confirmou que pretende promover uma grande rotatividade na equipe titular diante desse cenário.
“Hoje em dia, dificilmente as equipas conseguem repetir um onze a cada três dias. Temos que, com certeza… jogamos agora em casa; daqui a três dias, com dois dias de recuperação e uma viagem incluída, jogamos na Argentina. Ah, dificilmente vamos ter uma boa recuperação dos atletas”, explicou Leonardo Jardim em entrevista à TV Cruzeiro, nesta quinta-feira (27/03).
Promover muitas alterações nos onze iniciais não é algo muito comum no futebol brasileiro, prática mais corriqueira na Europa. Vindo do Velho Continente, Jardim reforçou o discurso de manter sempre uma equipe competitiva e com excelente condição física. “Sabendo que alguns atletas nossos já têm alguma ideia, são atletas… alguns vêm de lesão, que, no ano passado, muitos deles não tiveram um ano muito feliz. E isso tudo, às vezes, exige uma gestão que permita frescor dentro da equipa e nos possibilite entrar em cada jogo para competir, com ambição de jogar. Para mim, esse onze é uma coisa mais dos adeptos, porque os adeptos querem é ganhar”, disse.
Leonardo Jardim também ponderou que pensa em um time coletivo, e não em uma equipe baseada em individualidades. “Eu apoio o Cruzeiro, quero que o Cruzeiro ganhe. Se foi com o Gabriel, com o Matheus, com o Wander, com o Kaio isso, para mim, não interessa. O que interessa é que o Cruzeiro seja competitivo, que a gente tenha um modelo, e que toda a gente sirva ao modelo”, completou.
Jardim também foi enfático ao comentar sobre jogadores que não se encaixam em sua filosofia de trabalho. “Se tivermos jogadores que não sirvam ao plantel, o clube tem que tomar medidas em termos de futuro. Porque os jogadores que estão cá são os que nós acreditamos, o clube acreditou, o clube trouxe para cá, e é para eles mostrarem as suas qualidades para pertencerem ao elemento do Cruzeiro”, finalizou.
Outros pontos abordados na entrevista:
Sobre o retorno de Dinenno
“É um jogador que ainda não tive a possibilidade de analisar. Vem de uma lesão grave, de seis, sete meses. Agora iniciou os trabalhos e voltou a parar por mialgias de esforço. É uma situação normal para quem veio de uma paralisação prolongada e retornou aos treinos. Esse retorno não é em linha reta; tem subidas e descidas. Acredito que o Dinenno pode oferecer algo efetivo, características diferentes das dos outros atacantes. Estávamos falando de bolas paradas. O Dinenno é um jogador poderoso no jogo aéreo, um dos que, nos cruzamentos, pode ser uma grande solução na área. Nas bolas paradas, pode ser importante tanto defensiva quanto ofensivamente. Vou esperar mais um pouco, mas acredito que ele vai nos ajudar pelas características diferentes dos outros jogadores”.
Sobre a sua chegada ao Cruzeiro
“Depois do convite do Cruzeiro, quase como em uma brincadeira, disse ao Pedrinho que vamos trazer vinhos e azeites para o Brasil. Já falei com ele: com a publicidade que fez, não vai conseguir atender. As produções são pequenas e, com as encomendas, não vai conseguir suportar a produção deste ano. Vai precisar comprar os próximos cinco anos para entregar”.
Pretenções do Cruzeiro para o Brasileirão
“O Mattos me mostrou que a opinião pública não colocou o Cruzeiro entre os oito primeiros, no Top 8 deste ano. É uma situação normal, não critico isso. Outros clubes, nos últimos quatro, cinco anos, desenvolveram um trabalho diferente”, analisou. “No Cruzeiro, temos que ter ambição para mudar isso. E também, no presente e no futuro próximo, sermos uma equipe com presença contínua no melhor patamar do futebol brasileiro. Com esse grupo de jogadores que temos, vamos tentar competir e melhorar. Isso é importante. O projeto que me foi apresentado pelo presidente prevê uma melhora significativa ao longo do tempo. Com certeza, há três ou quatro clubes que, ao longo dos últimos anos, caminharam à frente do Cruzeiro. Eles estão em um patamar de vantagem.”
A possibilidade de escalar Matheus Pereira, Dudu, Wanderson e Kaio Jorge
“Com certeza. Não só ao longo da temporada, mas também em momentos específicos dos jogos. Porque você necessita de coisas diferentes dentro de uma mesma partida. Às vezes, está ganhando; às vezes, precisa de contra-ataque. Em alguns momentos, vamos precisar desses quatro jogadores. O treinador tem que pensar além. O futebol tem o momento da perda da bola e o momento com a bola. Na perda, temos que marcar. Hoje em dia, no mundo, não existem equipes que, ao perder a bola, deixem apenas sete jogadores marcando. Ninguém consegue ser competitivo se não houver marcação coletiva. Temos que considerar também as bolas paradas. Na nossa equipe, alguns jogadores têm dificuldade no jogo aéreo. Quanto mais jogadores pequenos tivermos, mais dificuldade teremos. É preciso ter cuidado. Não podemos jogar com dez jogadores que não tenham capacidade no jogo aéreo. O treinador e o staff têm que pensar nisso para atuar de forma competitiva. O adepto não pensa nisso, e está tudo certo — ele quer o espetáculo, os jogadores mais técnicos.”