A imprensa internacional repercutiu o interrogatório do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF) ocorrido nessa terça-feira (10/6). Bolsonaro é réu na Corte em ação penal por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Os interrogatórios do “núcleo crucial” foram conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
O jornal britânico The Guardian destacou que, embora tenha negado a tentativa de golpe, Bolsonaro admitiu ter avaliado dispositivos da Constituição para contestar o resultado da eleição. “Estudamos possibilidades outras dentro da Constituição. Ou seja, jamais saindo das quatro linhas”, disse Bolsonaro durante o interrogatório.
O jornal registrou que Bolsonaro transformou seu interrogatório em “plataforma política” e que, apesar das expectativas de um embate com Moraes, acabou pedindo desculpas ao ministro por acusações infundadas sobre a Justiça Eleitoral.
Assim como o The Guardian, o El País, da Espanha, publicou que o interrogatório se tornou em “comício” do ex-presidente, sobretudo pela primeira resposta, na qual fez uma longa exposição sobre os feitos de sua gestão no governo federal. O interrogatório de Bolsonaro, conduzido por Moraes, foi descrito pela publicação como “o duelo mais aguardado dos últimos tempos” no Brasil.
A rádio americana NPR descreveu o julgamento sobre a tentativa de golpe como “histórico”. “É a primeira vez na história do Brasil que um ex-chefe de Estado está sendo julgado por tentar derrubar o governo”, registrou a emissora dos Estados Unidos. Moraes é apresentado na reportagem como uma “figura polarizadora” que enfrenta críticas de Bolsonaro, do empresário Elon Musk e do presidente dos EUA, Donald Trump.
Com informações da agência Associated Press, o jornal Washington Post, dos Estados Unidos, destacou a fala em que Bolsonaro chama de “malucos” os que clamavam por intervenção militar e AI-5 nas manifestações em frente aos quartéis após as eleições de 2022.
A reportagem registrou que Bolsonaro “parecia tranquilo” ao ser interrogado e que Moraes conseguiu concluir todos os interrogatórios do “núcleo crucial” nesta terça-feira, um ritmo “célere” que pode resultar em uma sentença no segundo semestre do ano.