Um estudo inédito feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) reconstrói a história dos dois maiores diamantes descobertos no Brasil durante o período colonial: o Diamante do Abaeté e o Diamante Isidoro, ambos de Minas Gerais.
As pedras foram encontradas no fim do século XVIII, na região que na época era conhecida como Sertão do Abaeté, no oeste do estado. O trabalho foi publicado na Revista Galo, com o título “Os diamantes de Nova Lorena Diamantina: as grandes pedras em disputa no Brasil Colônia”.
A pesquisa faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre o Patrimônio Brasileiro e reuniu documentos antigos de arquivos em Portugal e em Minas Gerais. Esses registros foram comparados a análises modernas realizadas no Museu do Tesouro Real, em Lisboa, com o apoio do diretor do Palácio Nacional da Ajuda, José Alberto Ribeiro, e do gemólogo Rui Galopim de Carvalho, responsável por estudar as pedras preciosas do museu.
Os pesquisadores conseguiram confirmar que o diamante de 35,8 quilates, hoje exposto no Museu do Tesouro Real, é o mesmo que foi entregue em 1799 pelo garimpeiro Isidoro de Amorim Pereira ao governador da Capitania de Minas. A descoberta esclarece um mistério que durava mais de 200 anos.
Já o Diamante do Abaeté, de 138,5 quilates, encontrado em 1792 e enviado à Coroa portuguesa em 1796, ficou conhecido como a pedra mais valiosa do Brasil colonial. Ele foi roubado em 2002 durante uma exposição na Holanda e nunca mais foi recuperado.
Garimpo de diamantes em Minas Gerais
Segundo o professor Fabrício Rodrigues dos Santos, as descobertas vão além da história das pedras preciosas. “Elas ajudam a entender como o garimpo de diamantes influenciou a ocupação do território mineiro e a formação da identidade brasileira”.
O estudo também mostra como o controle da Coroa portuguesa sobre a extração de diamantes moldou a vida política, social e econômica da época.
As descobertas no Sertão do Abaeté motivaram o mapeamento da região e levaram à criação de uma nova área oficial de exploração, chamada “Nova Lorena Diamantina”, localizada a cerca de 200 km da atual cidade de Diamantina.
A pesquisa contou com apoio financeiro do CNPq e da Fapemig, além da colaboração do Palácio Nacional da Ajuda e do Instituto Diadorim.
Com UFMG
