O presidente Lula (PT) voltou a citar Donald Trump em tom crítico e reforçou a defesa da soberania brasileira durante reunião ministerial realizada nesta segunda-feira (26/8), no Palácio do Planalto. Ao comentar a guerra entre Rússia e Ucrânia, Lula afirmou que tanto Vladimir Putin quanto Volodymyr Zelensky, assim como a Europa e o presidente estadunidense, “já sabem o limite de onde vai essa guerra”, mas aguardam apenas “o momento de anunciar o fim”.
Segundo o petista, a maior preocupação das potências não é o conflito em si, mas quem arcará com os custos da destruição. “Alguém vai ter que tentar ajudar a recuperar a Ucrânia. Alguém vai ter que se rearmar outra vez. A União Europeia aprovou 800 bilhões de euros em armamentos, quando o mundo precisaria de dinheiro para acabar com a fome ou manter as florestas em pé”, disse, lembrando que o Brasil sediará a COP30 em 2025, em Belém.
Lula também condenou o que chamou de “continuidade do genocídio” na Faixa de Gaza, destacando a morte diária de civis e crianças em situação de fome. Ele defendeu mudanças na governança global, especialmente no papel da Organização das Nações Unidas, para que organismos internacionais tenham mais poder de intervenção em conflitos e crises humanitárias. “A fragilidade do mundo é tão grande que ninguém toma atitude”, afirmou.
O presidente destacou ainda que o Brasil seguirá defendendo a ampliação e o fortalecimento da governança mundial, com a entrada de novos países em fóruns decisórios. “Nós vamos continuar brigando para que a governança mundial seja repensada”, disse.
Ao tratar de política interna, Lula fez questão de reforçar a soberania nacional. “Nós temos uma Constituição, uma legislação, e quem quiser entrar nesses 8 milhões e meio de quilômetros quadrados, no nosso espaço aéreo, no nosso espaço marítimo, nas nossas florestas, tem que prestar contas à nossa Constituição e à nossa legislação”, declarou.
Por fim, o presidente reiterou que o Brasil aceita relações cordiais com todos os países, mas não abre mão de respeito. “Nós aceitamos relações com o mundo inteiro, mas não aceitamos desaforo, ofensa ou petulância de ninguém. Se a gente gostasse de imperador, o Brasil ainda seria monarquia. A gente quer esse país democrático, soberano e republicano, que nós aprendemos a construir”, concluiu.