O vereador Wagner Ferreira (PV) defendeu mudanças urgentes em diversas áreas para o futuro de Belo Horizonte. Ele esteve na 98 News nesta sexta-feira (20/6) e, durante entrevista, falou sobre vício em apostas online, reformulação do transporte público e arborização urbana. O vereador ainda criticou falta de respostas mais efetivas de esferas superiores do governo.
“Bombardeados por propagandas de Bets”
Wagner é autor de um projeto de lei que busca proibir a publicidade de casas de apostas online na cidade. Ele citou números alarmantes sobre a chamada ludopatia, o vício em jogos.
“Só no ano passado, uma das pesquisas indica 24 milhões de brasileiros apostaram nas Bets. Número muito expressivo. Desses, 5 milhões são pessoas beneficiárias do Bolsa Família. Foram mais de R$ 3 bilhões só do Bolsa Família direcionado para as mãos das Bets”, disse.
O parlamentar também destacou o impacto econômico: “Cerca de R$ 120 bilhões foram movimentados em relações abertas. Você falou de Minas Gerais aqui… é quase a dívida de Minas com a União. Dinheiro que poderia vir para o comércio, para o setor de serviços. Não tem retorno nenhum para a economia local”, pondera.
Segundo Wagner, o excesso de publicidade cria um ambiente propício ao vício. “Hoje é uma farra de publicidade, de propaganda. Você pega qualquer avenida aqui de Belo Horizonte hoje, cheio de propaganda. Em banca de jornal, em táxi, em outdoor, em LED, no rádio, na TV.”
Restrições também ao poder público
O projeto de Wagner vai além das peças publicitárias e prevê proibição de contratos entre o município e empresas de apostas. Ele citou como exemplo as corridas de rua organizadas por clubes da capital.
“Se tiver Bet nisso, o projeto prevê que não vai poder ser mais possível esse tipo de licenciamento. O poder público não vai fomentar, não vai autorizar esse tipo de prática na cidade.”
O texto também determina que a Prefeitura desenvolva campanhas de conscientização. A regulamentação ficará a cargo do Executivo. “A competência é da prefeitura de fiscalizar. Ela vai ter 90 dias para regulamentar. São os mesmos órgãos que já atuam, como a Secretaria de Política Urbana.”
“Problema de saúde pública”
Wagner argumenta que a aposta compulsiva já virou caso de saúde pública, provocando consequências graves aos apostadores. “Tem pessoa em depressão, tem família sofrendo, tem gente falando em suicídio. As pessoas estão inadimplentes, deixando de pagar suas contas para mandar dinheiro para as mãos das Bets.”
O vereador também propôs um segundo projeto, que institui o Dia Municipal de Conscientização sobre o Vício em Apostas Online. “O conjunto são dois projetos. Um que tem uma tramitação mais simples, que cria datas de campanhas, e outro que determina à administração pública o desenvolvimento dessas ações.”
Tarifa zero
Outro ponto levantado pelo vereador é a possibilidade de Belo Horizonte ter ônibus de tarifa zero. Defensor da gratuidade no transporte público, Wagner acredita que o projeto é viável, mas depende de um modelo sólido de financiamento. A proposta avança na Câmara, mas ainda precisa garantir votos e recursos.
“A prefeitura gasta cerca de R$ 700 milhões hoje de subsídio. O transporte como um todo vai dar cerca de R$ 1,7 bi. Para ter tarifa zero, tinha que arrumar mais R$ 1 bilhão para custear. O nosso desafio é a fonte de financiamento.”
O modelo proposto prevê que os recursos venham do vale-transporte pago por empregadores. “Se a gente conseguir isso, não tenho dúvida que a gente vai ter tranquilidade para aprovar na Câmara. Faltam seis votos ainda. Mas estamos avançando nas comissões.”
Wagner também defende que o Governo Federal entre no debate. “Mobilidade urbana, transporte público, é direito social. Tem que ser investido. O Governo Federal tem que fazer para o Brasil inteiro, não só para BH.”
“Qualidade como maior desafio no contrato de ônibus”
Suplente da comissão que discute o novo contrato de transporte, Wagner cobra mudanças profundas no serviço. “A tarifa a gente vai pagar de uma forma ou de outra. Se for tarifa zero, a gente paga com impostos. Se continuar no modelo atual, a gente tira do bolso. Mas a qualidade é o maior desafio.”
Ele critica a precariedade do serviço e defende mais horários, inclusive noturnos e aos fins de semana. “Tem que ter ônibus funcionando. Não pode ter ônibus quebrado. Se você sai de um shopping 11 da noite depois do trabalho e não tem ônibus para o seu bairro, de que adianta uma tarifa mais barata?”
Suplementar é essencial, mas modelo atual desestimula operadores
O vereador comentou também a baixa adesão de motoristas ao sistema de ônibus suplementares. “Faltou gente interessada. Lá é pessoa física que tem que comprar o ônibus, fazer toda a manutenção. Isso fica mais caro. O modelo é diferente dos consórcios das grandes empresas.”
Segundo ele, a solução passa por revisão do modelo de contratação. “Tem que discutir o modelo. O suplementar é essencial, mas não pode ficar de fora. Faz a diferença nos bairros.”
Arborização urbana: “O mundo está cada vez mais quente”
Por fim, Wagner abordou o PL 210/2025, que obriga a proteção de mudas durante serviços de roçada e limpeza. A proposta surgiu após relatos de que novas árvores estavam sendo destruídas durante a manutenção urbana.
“A roçadeira sai pegando nas mudas e elas ficam lesionadas ou são eliminadas. Isso prejudica o desenvolvimento da árvore no futuro.”
Ele reforçou a importância de projetos simples com impacto direto. “A gente tá tratando de arborização da cidade. Quando acha uma sombra aqui, fica doido. Parece um projeto simples, mas tem um efeito muito importante.”