Aconteceu na noite desta quarta-feira (30), no auditório do CEI Imaculada Conceição, no Bairro Funcionários, uma consulta pública sobre a criação do Parque da Linha Férrea, entre Belo Horizonte e Nova Lima, no Vetor Sul da Região Metropolitana. O encontro contou com os representantes dos dois municípios
O projeto tem o objetivo de transformar a antiga Linha Férrea, que corta os bairros Belvedere e Vila da Serra, em um espaço verde voltado para o lazer e também como uma solução para mobilidade urbana. A área possui 400 mil m² e também será uma via alternativa de acesso entre Nova Lima e BH. Um dos principais gargalos do trânsito de belo-horizontino está na ligação entre o município novalimense, a MG 356 e a Avenida Nossa Senhora do Carmo.
A audiência contou com uma apresentação técnica realizada por especialistas envolvidos na elaboração do projeto. Eles explicaram que a via construída no trecho em questão, vem em paralelo com a recuperação da malha ferroviária, e que a mesma não será desmanchada. Está prevista também a criação de um parque ecológico com mais de 7,36 hectares de área verde, além de praças públicas, trilhas e um parque linear na linha férrea.
Grupos ambientalistas são contrários
Alguns grupos ambientalistas, contrários ao projeto, estiveram presentes. Eles alegaram que mais carros podem ser escoados para a região. Segundo a arquiteta urbanista, Claudia Pereira Pires, a construção tem o objetivo de beneficiar apenas os empreendimentos imobiliários das duas regiões:
“A gente está fazendo uma obra que, segundo os especialistas, é para resolver o problema da mobilidade, mas na verdade a obra é para resolver o problema da especulação imobiliária que está está se expandindo após os limites do Vale do Sereno […] Nós não defendemos carro, um carro para cada morador da região do Vila da Serra e do Vale do Sereno. Então, a proposta que a gente faz é que aquela área seja ligada por transporte público de massa e não necessariamente abrirmos uma avenida para poder beneficiar grupos econômicos que estão atrás só da questão da especulação naquela região” disse Cláudia, defendendo que a única obra realizada seja a de revitalização da malha ferroviária.
Defensores do projeto esclarecem caráter ambiental e urbanístico do Parque
O procurador-geral de Nova Lima, Arthur de Araújo Soares, que representou o prefeito João Marcelo (CIDADANIA), negou que o Parque da Linha Férrea seja voltado apenas para os moradores dos condomínios do Vila da Serra e do Belvedere. Segundo ele, toda a população da microrregião a qual pertencem os dois municípios será beneficiada.
“É importante mencionar que o projeto interessa a cidade, a microrregião de Nova Lima, Raposos, Rio Acima e também a capital Belo Horizonte. Nós estamos falando de um universo, só nessa microrregião, de 140.000 pessoas. É importante desvencilhar esse argumento de que interessa só a quem é rico ou a quem mora em condomínio. Essas pessoas têm hoje uma única saída que é a MG 30 para acessar a capital e precisa de alternativas de trânsito para a região” disse.
O presidente da Câmara dos Vereadores de Nova Lima, Thiago Almeida (PSD), também defendeu o Parque da Linha Férrea. Segundo ele, além de ser uma área de desafogo para o trânsito, será possível preservar e valorizar a vegetação local:
“Olha, eu sei que tem muita gente que tem seu ponto de vista e sua posição talvez contrária. Mas a gente tem que buscar é um consenso. Hoje mais de 140.000 pessoas precisam deslocar e passar naquela região. […] é insustentável ficar da maneira que está. E o projeto em si, a gente apresenta ele de uma forma que é: parque linear. A gente vai poder fazer arborização, pista de caminhada, de ciclismo em volta dele e a gente vai poder sim cuidar daquela área” afirmou.
A consulta pública é uma das etapas do Termo de Acordo Preliminar realizado em junho do ano passado, que deu a guarda temporária da área à BH e Nova Lima. Novos encontros para discutir o projeto estão previstos para os próximos meses.