Diretamente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Marília Melo, detalhou nesta sexta-feira (14/11) as ações, resultados e metas do estado na agenda climática global.
Em entrevista à 98 News, ela destacou a busca por parcerias internacionais, o avanço em biocombustíveis, a implementação do Código Florestal e a criação de uma plataforma inédita no Brasil para monitorar metas ambientais.
Marília afirmou que a participação mineira na conferência tem sido intensa e estratégica. “A COP é um espaço muito importante para apresentar o que já fizemos e, principalmente, para buscar cooperações que permitam avançar na agenda climática”, afirmou.
Segundo a secretária, a comitiva mineira participou de diversos painéis e mesas de negociação sobre biocombustíveis, tema considerado central para o Estado. Embora Minas já tenha forte posição no etanol, o governo trabalha agora para ampliar o uso de biometano e biogás.
Outro ponto destacado por Marília foi a participação em um debate com outros estados sobre a implementação do Código Florestal. Ela afirmou que Minas apresentou resultados expressivos no aumento da cobertura vegetal e no combate ao desmatamento ilegal, o que fortalece o processo de descarbonização. “Aliar a recuperação ambiental à redução do desmatamento tem gerado resultados muito importantes para o Estado”, disse.
A secretária também ressaltou a necessidade de que as políticas climáticas cheguem aos municípios. Para isso, Minas tem atuado em duas frentes: a qualificação técnica das prefeituras, em parceria com o governo francês, e o início de uma cooperação com a ONU Habitat para implementação de ações práticas, especialmente relacionadas à adaptação e resiliência climática, tema sensível devido aos impactos recorrentes das chuvas.
Financiamento climático ainda é limitado
Um dos principais desafios, segundo Marília Melo, continua sendo o acesso a recursos internacionais. Ela explicou que, embora Minas tenha conseguido captar financiamentos de fora, eles ainda se concentram na estruturação de políticas públicas e não na execução de ações de grande porte.
“O financiamento climático é sempre tema central nas COPs, mas na prática ele ainda é pouco acessível para estados subnacionais. Muito fica na esfera federal e chega pouco aos estados”, afirmou.
Durante a COP 30, Minas apresentou o MRV Climático, plataforma inédita no Brasil entre os governos estaduais. Inspirado em modelos internacionais, o sistema permite monitorar, verificar e reportar o cumprimento das 190 metas do Plano de Ação Climática mineiro.
A ferramenta mostra o estágio de cada meta, os recursos alocados e os resultados em descarbonização. “Mais importante do que definir metas é implementá-las e dar transparência à população. Independentemente de quem estiver no governo, a sociedade terá como acompanhar e cobrar”, disse a secretária.
Engajamento do setor privado
Marília também destacou a presença de setores produtivos mineiros na conferência, como o Siamig (setor sucroenergético), a Faeng e representantes da indústria e da mineração. O Estado participou de discussões sobre biocombustíveis, mineração sustentável e tecnologias para redução de impactos ambientais.
“Vemos um engajamento real do setor produtivo buscando a transição para uma economia de baixo carbono, conciliando desenvolvimento econômico com sustentabilidade”, afirmou.
