A inflação brasileira apresentou comportamento mais benigno ao longo de 2025 do que o previsto no início do ano, puxada principalmente pela queda dos preços das commodities e pela valorização do real frente ao dólar. A análise é do economista Izak Carlos, ao fazer uma retrospectiva do cenário inflacionário recente no quadro Economia Sem Alquimia, do Start 98 News.
Segundo o economista, o debate no começo do ano era marcado por forte preocupação com a alta dos alimentos e seus impactos no custo de vida. No entanto, o movimento baixista das commodities internacionais acabou sendo decisivo para aliviar a pressão sobre os preços. Produtos como soja, milho e trigo registraram redução de preços, assim como o petróleo, que encerra o ano com cotação cerca de 30% inferior à observada no fim de 2024.
A queda do petróleo, destaca Izak, tem efeito transversal sobre a economia, já que influencia diretamente os preços dos combustíveis e, indiretamente, de praticamente todos os bens e serviços. Esse cenário contribuiu para a redução dos custos de energia e alimentos, mesmo diante de dificuldades hídricas registradas a partir do segundo semestre.
Com isso, a inflação ficou significativamente abaixo das expectativas iniciais e deve encerrar o ano próxima ao teto da meta, mas ainda dentro do intervalo de tolerância estabelecido pelo Banco Central. Para o economista, trata-se de um resultado positivo, embora fortemente associado a fatores externos, como o comportamento das commodities e do câmbio.
No mercado cambial, o real apresentou valorização ao longo do ano. Após encerrar 2024 com o dólar na faixa de R$ 6,13, a moeda norte-americana caminha para fechar 2025 entre R$ 5,35 e R$ 5,40. Mesmo com a sazonalidade de fim de ano, marcada por maior envio de dólares ao exterior e menor liquidez, o câmbio permanece mais apreciado do que no ano anterior.
Esse movimento, segundo Izak Carlos, reduz o repasse cambial sobre os chamados bens comercializáveis, o que ajuda a manter a inflação mais baixa e cria um ambiente mais favorável também para 2026.
Apesar desse alívio, o economista alerta que a inflação de serviços segue pressionada e é hoje o principal desafio para a política monetária. Enquanto a inflação geral, desconsiderando serviços, se aproxima do centro da meta, girando entre 3,2% e 3,5%, os preços de serviços e bens não comercializáveis continuam avançando em ritmo mais acelerado, próximos de 4,5% ou até 5%.
Essa pressão, explica Izak, está diretamente ligada ao aumento da renda e ajuda a justificar a manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado, atualmente em torno de 15%. “A inflação de serviços é o grande ponto de atenção e o principal fator por trás da política monetária mais restritiva”, avalia.
Na visão do economista, o desempenho inflacionário de 2025 foi melhor do que o esperado, mas o controle dos preços nos próximos anos dependerá menos de fatores externos e mais da evolução da renda, da produtividade e das decisões de política econômica.
