Os dados divulgados pelo IBGE revelam que, em 2024, cerca de 1,7 milhão de brasileiros trabalhavam em plataformas digitais, ou quase 2% dos ocupados no setor privado. Esse número, por si só, já impressiona, mas a pergunta que paira no ar é: o que vai acontecer em 2025, quando essa mesma economia global ganhar ritmo?
Pois bem, esses trabalhadores por aplicativo registraram uma renda média mensal de quase R$ 3.000, ligeiramente acima dos não plataformizados — coisa de R$ 100 —, mas enfrentam jornadas mais exaustivas e longas, em média 10 horas a mais, ou 5 horas a mais, ou 6 horas a mais. O equilíbrio entre maior remuneração e carga horária de trabalho evidencia que o modelo está em construção e que o salto de qualidade ainda está por vir.
Se a gente olhar para 2025, vários vetores sugerem que esse salto pode acontecer. A digitalização acelerada pela IA, a expansão de serviços on demand e a adoção crescente de plataformas em regiões que antes tinham menor penetração criam um terreno fértil. Assim, o que era 1,7 milhão em 2024 pode alcançar muitos milhões em 2025 — tanto em número de trabalhadores quanto em qualidade de renda. Mas existe um alerta que não pode ser ignorado.
Mesmo com crescimento, a informalidade entre os plataformizados era de 71% em 2024, contra 43% dos não plataformizados. Embora o rendimento mensal fosse maior, o rendimento por hora ficou quase 9% abaixo da média dos demais ocupados. Esse desequilíbrio aponta que trabalhar por aplicativo não garante automaticamente qualidade ou segurança.
Se o salto de 2025 vier — e tudo indica que ele vai vir —, o ponto decisivo não é mais quantos entram na plataforma, mas como as condições vão mudar. Modos de remuneração, jornada, benefícios, contribuições previdenciárias e negociações coletivas vão ter que acompanhar esse aumento de escala. Do contrário, a gente pode assistir a uma economia de aplicativos que cresce em pessoas, mas não em dignidade.
O futuro desse segmento vai depender de escolher entre expansão e qualidade.