Romeu Zema construiu sua carreira política com uma imagem de gestor eficiente, alguém que administrava Minas Gerais com austeridade, foco em resultados e discurso técnico. Não à toa, sua eleição foi vista como a chegada de um “homem prático” à política, distante das disputas ideológicas e mais preocupado com planilhas e metas.
No entanto, ao longo do tempo, Zema parece ter confundido a vitrine da gestão com o palco da política. O governador que, no balanço administrativo, pode exibir números expressivos, equilíbrio fiscal, programas de recuperação financeira e uma relação relativamente bem-sucedida com o setor privado, tem tropeçado justamente no papel que um homem público não pode negligenciar: o da construção de uma narrativa política sólida.
Saída pela direita
A dubiedade de sua posição ideológica é o nó. Ora tenta se apresentar como gestor liberal de direita, ora se aproxima da retórica bolsonarista mais radical. Esse movimento pendular o deixa mal posicionado, não agrada à direita moderada, que busca racionalidade, nem conquista plenamente o eleitorado mais radical, que prefere os originais aos imitadores.
O erro de comunicação não é detalhe. É marketing político mal calibrado. Em vez de potencializar sua eficiência como gestor, Zema fragiliza seu discurso e reduz sua projeção nacional. O resultado é uma imagem vulgarizada, que mina a confiança no “Zema eficiente” e fortalece a percepção de que lhe falta densidade para ser protagonista no cenário político brasileiro.
Se quiser avançar além de Minas, o governador precisa compreender que gestão e política não se separam. Os números podem até sustentar seu currículo, mas são as ideias claras, consistentes e comunicadas com firmeza, que garantem espaço político. E, até aqui, Zema tem perdido a batalha das ideias.