O RH já passou da era dos temperos decorativos. Ele precisa agora se tornar um ingrediente principal da estratégia — e não um coadjuvante. Eu explico. Um artigo recente da Forbes enfatiza que apenas 21% dos funcionários no mundo se sentem realmente engajados. Liderança e planos de sucessão estagnam e muitas funções estratégicas ficam vagas justamente quando deveriam pulsar.
A inteligência artificial acelera esse cenário e, sem uma função de RH calibrada, tudo desmorona. De acordo com a especialista Linda Gretton, da London Business School, a primeira mudança urgente é migrar da reação para a previsão estratégica. O RH deve antecipar tendências e não reagir apenas a relatórios atrasados. Ela cita a executiva que, em vez de compartilhar uma planilha de turnover, apresenta ao CEO um plano de requalificação para cargos mais ameaçados pela automação.
A segunda virada é trocar o instinto pela visão baseada em dados e evidências, fundamentando decisões que antes pareciam intangíveis demais para serem mensuradas. A terceira necessidade envolve orçamento: o RH deve sair da periferia financeira e ocupar o centro das reservas estratégicas da organização. Só assim garante investimentos que façam sentido e acompanhem as prioridades do negócio.
O quarto ponto é a transição de políticas do passado para modelos ágeis. Isso significa colocar as pessoas no centro da iniciativa, com propósito — mas não apenas com números. E finalmente, o quinto shift: abandonar o RH estático, ancorado em processos, e virar um catalisador da mudança. Um protagonista capaz de criar momentum, narrativa e contexto para a inovação prosperar.
Se essas cinco mudanças não ocorrerem, o RH corre o risco real de se tornar irrelevante e substituído por algoritmos e fórmulas verticais. Para escapar disso, é hora de recompor o papel de guardião de políticas e assumir o de arquiteto de cultura. Sair de executor de rotinas para se tornar visionário da experiência humana dentro e fora do trabalho.