A Avenida dos Andradas, em Belo Horizonte, mais que um corredor de trânsito de uma das mais importantes regiões da cidade, é, para muitos, um espaço de convivência, saúde e esperança. Todos os dias, atletas, idosos e moradores da região percorrem suas margens em caminhadas e exercícios físicos, tentando fugir das consequências do sedentarismo e buscando uma vida mais equilibrada. No entanto, a situação do local revela uma dura realidade de descaso e abandono.
Tornou-se um cenário improvisado de moradia, com restos de móveis, lixo espalhado e estruturas precárias. O que deveria ser um espaço de estímulo à saúde tornou-se um símbolo da falta de políticas públicas eficientes, tanto para a preservação dos espaços urbanos quanto para a discussão sobre o acolhimento digno de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Não se trata apenas de estética urbana. O abandono traz riscos concretos: insegurança, risco de acidentes, proliferação de doenças e desestímulo à prática de atividades físicas ao ar livre. Os que precisam especialmente de ambientes seguros para caminhadas, são diretamente prejudicadas, famílias que buscam na avenida um espaço de lazer, hoje, se deparam com um cenário degradante.
É evidente que a solução não passa simplesmente pela remoção das pessoas que ali se abrigam. Trata-se de uma questão mais profunda, que exige políticas de assistência social, saúde pública e moradia digna, além de um plano contínuo de manutenção e revitalização dos espaços públicos.
A Avenida dos Andradas precisa ser cuidada como o patrimônio coletivo que é — não apenas como um corredor de veículos, mas como um espaço vital para a saúde e a qualidade de vida da população de Belo Horizonte. A cidade precisa urgentemente olhar para suas avenidas, praças e parques com mais sensibilidade e responsabilidade.
Enquanto isso não acontece, resta-nos o alerta: a degradação do espaço público é, também, a degradação do direito à cidadania.