Minas Gerais dispõe de 15 milhões de hectares com aptidão para projetos florestais, dos quais 7 milhões podem ser destinados a empreendimentos do tipo brownfield (utilização de florestas já existentes) e 15 milhões para projetos greenfield (novos plantios destinados à instalação de indústrias futuras). Esses dados foram apresentados durante o evento Florestas UAI, realizado pela Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF) — entidade que representa o setor de florestas plantadas no estado —, ocorrido nos dias 10 e 11 de abril, em Belo Horizonte.
Para Adriana Maugeri, presidente da AMIF, “o estudo é, sem dúvida, um divisor de águas, pois oferece um direcionamento claro para um crescimento ordenado, sustentável e inclusivo do setor, alcançando diversas regiões, perfis de produtores e segmentos”.
O estudo foi encomendado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e pela Invest Minas, sendo conduzido pelo Grupo Index.
Além da grande disponibilidade de área, o estado se destaca por outros fatores que reforçam sua atratividade para investimentos: excelente disponibilidade hídrica, preços competitivos da terra, regime tributário diferenciado, uma cadeia de valor diversificada e o fato de possuir a maior área plantada de eucalipto do país. A silvicultura está presente em 811 dos 853 municípios mineiros, evidenciando sua capilaridade e importância socioeconômica.
O estudo revela ainda que Minas Gerais oferece um dos melhores Valores de Terra Nua (VTN) do Brasil para fins florestais, com média de R$ 9,8 mil/ha, podendo chegar a R$ 2,8 mil/ha nas regiões mais promissoras — como o Norte, Noroeste e Central do estado. Esse cenário, aliado a um clima favorável, proporciona uma produtividade florestal competitiva, muitas vezes superior à de outros polos já saturados, projetando Minas como o novo destino estratégico para investimentos industriais florestais no Brasil.
Com a recente simplificação do licenciamento ambiental da atividade de silvicultura, que, por força legal, passou a ter enquadramento como de menor impacto ambiental, foi diminuído o tempo para a emissão dos atos autorizativos oficiais, enquanto surge uma oportunidade crescente no aumento global da demanda por produtos sustentáveis, como o aço verde, o que coloca Minas como protagonista na transição para uma economia verde.
O estudo recomenda a criação de políticas públicas focadas em quatro eixos: melhorias logísticas, aumento da produtividade florestal com apoio técnico e pesquisa, capacitação de mão de obra especializada e ampliação dos benefícios fiscais para atrair novos investimentos.
O setor agroflorestal mineiro tem números robustos a apresentar, de acordo com o site da AMIF:
É a maior cultura agrícola do estado, com cerca de 2,2 milhões de hectares plantados, representando 22% de toda a área plantada no Brasil, que é de 10,3 milhões de hectares. Em Minas, o setor também conserva mais de 1,3 milhão de hectares de vegetação nativa — mais da metade de toda a área conservada pelo próprio estado, por exemplo.
Entre janeiro de 2021 e agosto de 2024, foram colhidos aproximadamente 1,04 milhão de hectares de florestas plantadas.
O estoque de carbono nos plantios de eucalipto, em Minas, registrado no ano de 2023, foi de 74 milhões de toneladas desse elemento.
Esse setor movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, gera mais de 300 mil empregos diretos e indiretos e contribui significativamente para as exportações mineiras com produtos como celulose, papel e carvão vegetal sustentável.
A silvicultura é a ciência e a arte de cultivar, manejar e conservar florestas e recursos naturais associados. A palavra silvicultura vem do latim e significa “floresta” (silva) e “cultivo de árvores” (cultura), sendo uma atividade secular que se enquadra como vinculada ao agronegócio.
A silvicultura clássica abrange as florestas naturais, e a moderna opera com as florestas plantadas. A atividade oferece, além de produtos madeireiros, outros serviços e bens, com destaque para a absorção de CO₂, ajudando nas iniciativas associadas às mudanças climáticas, na melhoria da infiltração hídrica, preservando ecossistemas, evitando o desmatamento de matas nativas, sendo uma fonte energética e gerando emprego e renda.
A silvicultura no Brasil começou há mais de um século, com o plantio de florestas para produção de madeira. Em 1903, Navarro de Andrade trouxe mudas de eucalipto para produzir madeira para dormentes das estradas de ferro. Em 1947, começou o plantio de pinus.
A atividade é realizada de forma aderente a todo um rígido arcabouço legal associado, que inclui normas de segurança no trabalho e proteção ao trabalhador, atendimento aos aspectos tributários e, em especial, aquelas ligadas à rígida legislação ambiental.
As boas técnicas de manejo florestal são observadas nos plantios realizados e incluem criação de corredores ecológicos de vegetação nativa, proteção de áreas de preservação permanente e reserva legal, manejo adequado do solo e dos recursos hídricos e envolvimento das comunidades associadas aos empreendimentos, num processo de busca de sinergias e melhoria das condições sociais locais.
A recuperação de áreas degradadas em nosso país, especialmente pastagens, encontra na atividade de silvicultura uma técnica eficiente para resgatar esses espaços subutilizados ou abandonados.
Como engenheiro florestal, assisto com orgulho ao desempenho do setor no estado.