No Visão Macro de hoje, vamos falar sobre duas identidades contábeis fundamentais que pesam muito na macroeconomia — e que jogam por terra boa parte das falácias que ainda circulam sobre a variação do câmbio e o crescimento do PIB. Aquela velha frase — “a gente não come PIB, a gente não come dólar” — costuma ser usada sem compreender o que de fato significa a decência macroeconômica. E é disso que trata o debate: não só da teoria, mas do que realmente pesa no bolso.
A primeira identidade é a de que poupança é igual a investimento. Para investir, precisamos financiar o investimento com poupança interna e poupança externa. Sem poupança, não há crescimento sustentável — simples assim. Essa é uma das verdades mais esquecidas, mas também uma das mais estruturais da economia.
A segunda identidade é a de que produto é igual a renda e a dispêndio. O PIB, basicamente, é renda. As contas de produção e apropriação são simbióticas: famílias e empresas participam do mesmo ciclo circular da renda. E o que fazemos com renda? Consumimos. Logo, a volatilidade do produto impacta diretamente as possibilidades da renda — e, portanto, do consumo. Se renda é alimento, então produto também é alimento.
Por isso, precisamos jogar por terra as falácias ideológicas e voltar a olhar para as contas reais. Em economia, 1 + 1 continua sendo 2. E é importante lembrar disso — independentemente de quem ocupa o Palácio do Planalto ou de quem faz retórica de marketing econômico, aqui ou lá fora. As identidades contábeis macroeconômicas servem exatamente para mostrar que, por mais complexos que sejam os discursos, a lógica básica não muda.
É hora de retomar o caminho da revolução empírica, testando dados, confrontando hipóteses e observando os resultados antes de criar narrativas. E, já que dizem que “a gente não come câmbio”, vale lembrar: todos os alimentos são negociados em dólar, assim como a energia, que é a força motriz de qualquer produção alimentar.
A verdade é que precisamos olhar os fatos com mais constância, coragem e discernimento. O problema é que muita gente ainda insiste em achar que 1 + 1 pode ser qualquer número, desde que encaixe na narrativa ideológica da vez.