Mais uma vez, Belo Horizonte amarga um desconfortável protagonismo: tem a inflação mais alta entre todas as regiões pesquisadas pelo IBGE no acumulado de 12 meses. Segundo o IPCA-15 de julho, a Região Metropolitana da capital mineira registrou uma alta de 0,61%, quase o dobro da média nacional, que é de 0,33%. No recorte anual, a diferença é ainda mais gritante: 5,86% em BH contra 5,30% no país. É um índice que mostra a rotina do aperto que os moradores da cidade vêm enfrentando.
Essa inflação persistente se espraia de maneira desigual pelos grupos de consumo. Em julho, cinco deles puxaram a alta: Transportes (1,93%), Habitação (1,45%), Despesas Pessoais (0,82%), Comunicação (0,31%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,22%). Mas é no transporte que o baque é mais sentido, e mais simbólico. Gasolina subiu 4,49%, transporte por aplicativo saltou 15,35%, táxis encareceram 6,5% e as passagens aéreas deram um verdadeiro voo inflacionário: alta de 29,57%.
Moradia e Mobilidade: o drama do belo-horizontino
Na conta da energia elétrica, o cenário também é amargo. A bandeira vermelha na tarifa ajudou a empurrar a conta de luz para cima: alta de 3,89% no mês. Morar e se locomover em BH está cada vez mais caro.
Por outro lado, o alívio veio pela boca. Alimentos recuaram. A batata-inglesa (-16,55%), laranja-pera (-14,91%), cebola (-12,75%), café moído (-4,47%) e arroz (-2,98%). Um alívio bem-vindo, mas ainda insuficiente para compensar os aumentos dos serviços básicos e da mobilidade.
A inflação é, em última instância, uma lente de aumento sobre as desigualdades do cotidiano. Enquanto se paga caro para se deslocar e manter a casa funcionando, ganha-se algum respiro na feira e no supermercado. O problema é que nem todos vivem da compra da batata, muitos dependem, todos os dias, da gasolina, do ônibus, do gás e da conta de luz.
O retrato da inflação de Belo Horizonte é, portanto, mais do que um índice técnico: é um mapa da cidade real, onde o custo de vida sobe mais rápido do que os salários e o poder de compra escorre entre os dedos. É urgente a elaboração de políticas de alívio, incentivo à concorrência e controle fiscal. Porque, no fim das contas, quem paga a conta é sempre o cidadão comum. E ele já está pagando caro demais.