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Quando o governo aumenta os gastos sem apresentar uma fonte clara e crível de financiamento, pressiona a inflação e o risco fiscal (José Cruz/Agência Brasil)

Quando o governo aumenta os gastos sem apresentar uma fonte clara e crível de financiamento, pressiona a inflação e o risco fiscal (José Cruz/Agência Brasil)

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O Brasil parece ter escolhido a pior combinação possível para sua política econômica: juros altos para conter a inflação e uma política fiscal frouxa, com gastos em alta, metas pouco rígidas e promessas crescentes de novos programas. Essa contradição entre as mãos direita e esquerda do Estado mantém o país preso à armadilha de baixo crescimento e incerteza permanente.

A lógica econômica é simples. Quando o governo aumenta os gastos sem apresentar uma fonte clara e crível de financiamento, pressiona a inflação e o risco fiscal. Para conter essa pressão, o Banco Central eleva os juros, tornando o crédito mais caro, desestimulando o investimento produtivo e encarecendo a dívida pública. Resultado: a economia desacelera, a dívida cresce e, ainda assim, a inflação persiste acima do ideal. Essa dinâmica perversa também gera uma competição desigual por recursos.

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O Estado toma dinheiro emprestado a taxas elevadas, drenando a liquidez do mercado e dificultando o acesso ao crédito para empresas e famílias. É como se o governo estivesse dirigindo com o pé no acelerador fiscal e, ao mesmo tempo, puxando o freio de mão na política monetária.

Pior: essa postura fiscal expansionista, sem reformas estruturais que aumentem a eficiência do gasto ou melhorem o ambiente de negócios, afasta investidores. Sem previsibilidade, não há confiança, e sem confiança não há crescimento sustentável.

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O mercado percebe isso e precifica com juros ainda mais altos no longo prazo, além de pressionar o câmbio e aumentar a vulnerabilidade da economia a choques externos.

Além disso, o impacto dessa combinação recai de forma desigual sobre a população. Enquanto os mais ricos conseguem se proteger por meio de aplicações financeiras e ativos dolarizados, os mais pobres sofrem com o encarecimento do crédito, o aumento do custo da dívida e a redução de oportunidades de emprego.

O discurso social perde força quando a política econômica pune justamente quem deveria proteger. Em economia, não existe alquimia: é impossível crescer de forma sustentada com desequilíbrio estrutural nas contas públicas. Juros altos não são causa, mas consequência de escolhas fiscais equivocadas. Enquanto o país evitar o enfrentamento sério da questão fiscal, estará condenado a repetir essa armadilha. Gastos sem responsabilidade não são inclusão social, mas exclusão econômica no médio prazo.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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