No próximo dia 27 de maio, o Congresso Nacional terá a oportunidade de decidir entre o futuro e o retrocesso, entre a energia limpa e os interesses sujos do lobby das termelétricas. Em pauta, os vetos presidenciais à Lei das Eólicas Offshore (Lei 15.097/2025), um projeto que nasceu para impulsionar o Brasil rumo à energia renovável, mas foi distorcido por interesses escusos ao longo de sua tramitação. Jabutis legislativos empurraram carvão e gás natural para o centro da discussão, beneficiando quem se alimenta da crise climática e lucra com a conta alta do brasileiro.
Os vetos impostos pela Presidência são um raro lampejo de sensatez em um cenário marcado pela influência de gigantes do setor energético. A derrubada desses vetos, no entanto, representaria um golpe de R$ 20 bilhões por ano nas contas de luz até 2050. Não é apenas um número jogado ao vento, é a escola pública, o pãozinho, a cesta básica mais caros. É a inflação batendo à porta do trabalhador enquanto poucos contam seus lucros no ar-condicionado dos gabinetes em Brasília.
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Mas o custo não é só econômico. A reabilitação das termelétricas que os vetos tentaram barrar pode lançar na atmosfera 250 milhões de toneladas de CO₂ adicionais. Enquanto o mundo discute alternativas sustentáveis, o Brasil estaria, ironicamente, fortalecendo um modelo que nos afasta dos compromissos climáticos, às vésperas da COP 30, que será realizada em Belém. Que tipo de liderança climática queremos projetar? A de um país que aposta em energia limpa ou a de um que alimenta o lobby do carvão e do gás?
A campanha “Energia Suja, Conta Alta” resume bem a escolha. De um lado, poluição e custo elevado. Do outro, um futuro sustentável. O Brasil não pode ser refém dos interesses de Carlos Suarez, o “Rei do Gás”, que expande seu império sob a sombra do lobby político, articulando com ministros, deputados e até ex-presidentes. Sua influência é um retrato de como os interesses privados moldam políticas públicas que deveriam servir ao povo, mas acabam enriquecendo os mesmos de sempre.
Não bastasse Suarez, há ainda o caso da Ambar, de Wesley e Joesley Batista, que souberam aproveitar a privatização da Eletrobrás para ampliar seu domínio no setor energético. Enquanto o governo prega transição para energia limpa, facilita o caminho para que empresas como a Ambar perpetuem o modelo sujo e ultrapassado das termelétricas. É o discurso verde de palanque contra a prática cinza dos corredores do poder.
A decisão que está nas mãos do Congresso vai muito além de um simples veto. É sobre escolher quem o Brasil quer beneficiar: o povo que paga a conta ou os lobistas que a engordam. Manter os vetos é dizer não à corrupção energética, à poluição desenfreada e ao encarecimento injusto da vida dos brasileiros. Derrubá-los é ceder a interesses que não querem saber do amanhã, apenas do lucro imediato.
A escolha está posta. E ela dirá muito sobre que Brasil queremos construir.