No Visão Macro de hoje, vamos retomar um pouco do tema da necessidade do fortalecimento das instituições e dos processos democráticos para a percepção positiva em relação ao processo de crescimento econômico como um todo. Aqui trato da última pesquisa realizada pelo Pew Research Center, uma organização norte-americana independente e apartidária, especializada em pesquisa de opinião pública e tendências globais.
Eles publicaram um estudo bastante relevante sobre a insatisfação da população — inclusive em países de alta renda — com relação ao funcionamento democrático das próprias instituições. Segundo o levantamento, que foi realizado em 12 países de alta renda, 64% dos entrevistados declararam estar insatisfeitos com o funcionamento da democracia em seus países. Ou seja, parecem boas democracias no papel, mas não nas ações e atitudes, de fato.
A insatisfação supera a satisfação em quase todas as nações pesquisadas, revelando um padrão recorrente: a confiança nas instituições está em declínio, mesmo em democracias com processos consolidados. Entre os principais achados dessa pesquisa estão os baixos níveis de confiança em partidos políticos, parlamentos e líderes eleitos, além de percepções negativas sobre o funcionamento da democracia como um todo — mesmo onde há eleições regulares e liberdade de expressão.
Em muitos países, poucos acreditam que os governos estão atendendo às necessidades das pessoas comuns. Aqui podemos retomar, inclusive, aquela fala famosa do Marcos Lisboa, por exemplo, no caso brasileiro, sobre como estamos continuamente suscetíveis à captura do Estado por grupos de interesse específicos. Lembrando-nos novamente daquele modelo de public choice — escolha pública — como já tratado anteriormente por nós aqui nessa coluna.
A queda sustentada nos índices de aprovação dos líderes políticos passou a ser um fenômeno comum em democracias principalmente polarizadas. Fica aqui um grande alerta para nós, aqui no Brasil: crescimento econômico tem muito a ver com a segurança das instituições e com processos democraticamente estabelecidos de continuidade. Políticas devem ser de Estado — e não políticas de partido.