Depois da derrota sofrida com a medida provisória da arrecadação, derrubada pelo Congresso, o governo voltou a considerar elevar o IOF — o Imposto sobre Operações Financeiras — como forma de tapar o buraco deixado pelo revés legislativo. A proposta vem sendo analisada nos bastidores como uma alternativa rápida para compensar parte da perda de receita.
Em termos práticos, um novo reajuste do IOF significa mais encargos sobre operações financeiras, crédito, câmbio, seguros e aplicações. Já se estima que o ganho adicional poderia chegar a 7 bilhões de reais, embora isso cubra apenas uma fração do déficit que a MP pretendia suprir.
Mas aí entra outro problema: aumentar impostos para compensar uma derrota política é uma estratégia frágil. Além de gerar reação dos setores afetados — especialmente bancos, mercado financeiro e empresas de crédito — a medida penaliza a própria economia, encarece o crédito e reduz as margens de quem já opera com custos apertados.
O outro risco é o efeito moral. Se o governo parte para aumentar tributos sempre que perde uma disputa com o Congresso, fica claro que a estratégia é usar a arrecadação como válvula de escape, mais do que como uma ferramenta de política econômica organizada — e isso é sinônimo de instabilidade fiscal.
Em economia, não existe alquimia: não se resolve um problema de receita simplesmente jogando impostos em cima. A sustentabilidade depende do controle de gastos, da racionalização tributária e da capacidade de planejar com responsabilidade.
Se o reajuste for realmente aprovado, veremos nos próximos meses até que ponto a economia aguenta — porque, no fim das contas, quem paga a conta é o consumidor. E quem precisa de crédito, ou seja, quase todo mundo, já não aguenta mais impostos.