Sim, a inteligência artificial está em todo lugar, só que há um campo em que a superioridade humana ainda é clara: a capacidade de convencer. Segundo uma pesquisa da University of British Columbia, os consumidores são muito mais receptivos a vendedores humanos em transmissões ao vivo do que a avatares digitais.
O estudo analisou 328 produtos em lives de e-commerce na Tmall.com e mostrou que os digital streamers, ou seja, aqueles equipados com inteligência artificial, tiveram desempenho quase idêntico a não ter ninguém conduzindo a venda. Em contrapartida, quando havia pessoas reais, as vendas disparavam.
Esse contraste mostra que a persuasão não é apenas expor informações, mas sim criar conexão, transmitir emoção, improvisar e gerar credibilidade — dimensões que a inteligência artificial ainda não alcança plenamente. Os pesquisadores notaram que, quando os avatares foram programados para interagir em tempo real com as perguntas dos consumidores, as vendas subiram 25%, o que representou 86% a mais de receita.
Mesmo assim, eles só chegaram perto da performance humana quando combinaram respostas rápidas e expressões mais realistas. Outro dado curioso: ao incluir uma dinâmica de sorteio durante a transmissão, as vendas cresceram 17%, com aumento de 70% da receita. Isso indica que a experiência social com participação ativa e imprevisibilidade é decisiva. A IA pode executar, mas não improvisa como nós.
Esse resultado ecoa para além das vitrines digitais. No futuro do trabalho, em qualquer setor, a diferença não estará apenas em operar a tecnologia, mas em utilizá-la como suporte para relações humanas mais ricas: negociar, engajar e inspirar. Essas continuam sendo as chaves que sustentam a confiança que move decisões.
Para os líderes, o recado é claro: se a inteligência artificial já assume relatórios, métricas e processos, cabe ao humano assegurar o que nenhuma máquina entrega — presença, escuta ativa, influência. Quem souber unir tecnologia com persuasão humana vai ocupar os espaços mais relevantes no mercado. Pode anotar.