Vamos discutir um pouco mais o último dado do IBGE divulgado sobre a concentração dos processos econômicos e industriais em regiões bastante específicas. Ou seja, quase 50% do PIB é desenvolvido e construído em poucos centros regionais, mais ou menos 12 a 13, obviamente com maior foco tanto no Sudeste quanto no Sul. Esse é um processo econômico interessante que chamamos de distritos industriais.
Aqui, parte da base argumentativa se forma pelo processo de transbordamento de conhecimento, mão de obra qualificada ou não qualificada, mas especializada em produção específica em cada um desses centros, além da rede de serviços e fornecedores ao entorno. Isso é uma conectividade dos processos industriais de transporte e, obviamente, também das necessidades dos fatores de produção. Esse é o argumento claro que temos para economias externas de escala.
Um fator bastante específico na teoria econômica demonstra grande parte da produção econômica e também explica, em grande medida, o comércio internacional. Aqui é interessante notar que, embora tenhamos essas argumentações para os distritos, a formação dos mesmos pode ter acontecido quase como um acidente histórico. Ou seja, existe algo por trás que não necessariamente é econômico de fato. Por exemplo, a questão do Sudeste, olhando para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, tem muito a ver com o processo histórico da política do café com leite.
Além disso, o fato de o Rio de Janeiro ter sido a primeira capital após a vinda da corte portuguesa para o Brasil também consolidou a necessidade de um centro específico de aglomeração de pessoas para a produção econômica ao longo do tempo. Isso é bastante interessante.
Entretanto, embora seja uma argumentação que vale para o mundo como um todo — Estados Unidos, Inglaterra, Europa — é bastante relevante discutirmos que, no Brasil, a questão da desigualdade dos distritos é muito mais acentuada. Ou seja, temos uma distribuição muito mais concentrada em muito menos distritos do que em outros países.
Aqui acendemos a luz de que devemos olhar para o desenvolvimento regional de maneira qualitativa e quantitativa, voltado para o crescimento de longo prazo. Ou seja, não olharmos apenas para a dependência de regiões com transferência de renda da produção gerada em outras regiões. Devemos buscar reduzir distorções econômicas, inclusive perdas tributárias decorrentes de diferenças de alíquotas de ICMS entre estados.
Obviamente, a partir da reforma tributária, isso vai mudar ainda mais. É importante olharmos para essa questão no sentido de desenvolvimento econômico, muito mais do que simplesmente como um processo de absorção de transferências de renda de um estado para outro. Aqui, temos que discutir, como sempre, questões de longo prazo e não apenas de curto prazo.