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Lixeiras invisíveis: o novo patrimônio imaterial de Belo Horizonte

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O que se vê pelas ruas é um retrato do abandono: lixeiras quebradas, transbordando, enferrujadas e mal posicionadas (Foto: Reprodução/Google Street View)

É curioso perceber que as lixeiras de Belo Horizonte estão prestes a se tornar um patrimônio imaterial da cidade. Afinal, só pode ser isso. Não existem, mas todos sabem que, um dia, estiveram por aí. Como o fantasma de um passado organizado, elas assombram a memória de quem ainda se lembra de quando era possível jogar um papel no lixo sem ter que cruzar quarteirões em busca de um recipiente.

A SLU, quem diria, pode ter descoberto um novo conceito de sustentabilidade: a “limpeza invisível”. Funciona assim. Se não há onde jogar o lixo, ele simplesmente desaparece, ou pelo menos, deveria. Talvez estejam aguardando a instalação de portais dimensionais para que o cidadão descarte seu copo plástico diretamente em outra realidade, onde a coleta seletiva funciona e os relatórios da prefeitura ganham vida própria.

Na falta de lixeiras, surge a “criatividade urbana”: postes enfeitados com sacos plásticos, improvisados como se fossem arte contemporânea. Quem sabe, em breve, o Museu Inhotim não reserve uma galeria só para essa expressão artística?

Instalações conceituais intituladas “Saco no Poste nº 1”, “Saco no Poste nº 2” e por aí vai. Afinal, transformar o caos em arte é uma habilidade digna de aplausos.

Enquanto isso, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) avança firme… no papel. E Belo Horizonte segue seu caminho, orgulhosa de seu urbanismo inovador, onde lixeiras são itens de colecionador e o lixo, um detalhe menor. Porque, no fim das contas, quem precisa de lixeiras quando se pode ter um grande outdoor dizendo que somos uma cidade sustentável?

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O retrato do abandono urbano

Belo Horizonte, a cidade que se orgulha de suas campanhas de sustentabilidade e urbanismo inteligente, parece esquecer que limpeza urbana vai muito além dos discursos e dos slogans publicitários. O que se vê pelas ruas é um retrato do abandono: lixeiras quebradas, transbordando, enferrujadas e mal posicionadas. Um reflexo claro da falta de planejamento e de manutenção que se espalha por toda a capital.

Não importa se é na Savassi, no Barreiro, na Pampulha ou em Venda Nova: o cenário é o mesmo. As lixeiras parecem ter sido esquecidas pela gestão pública. Em algumas avenidas movimentadas, é quase um milagre encontrar um ponto adequado para descarte de lixo. Onde existem, estão depredadas ou lotadas, testemunhas silenciosas de um descaso que se arrasta há anos.

E não se trata apenas da quantidade. A manutenção é um problema evidente. O vandalismo, que infelizmente é uma realidade urbana, não encontra resposta à altura. Lixeiras quebradas demoram meses para serem repostas. A solução paliativa muitas vezes é amarrar sacos plásticos em postes, como se isso fosse suficiente para atender à demanda de uma cidade com mais de dois milhões de habitantes.

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), acumula documentos e enquanto os dados sobem para os relatórios, o lixo permanece nas calçadas, acumulando-se em sacos improvisados ou sendo deixado em cantos que rapidamente se transformam em pontos de descarte irregular.

O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), que promete melhorias para os próximos 20 anos, parece não enxergar o que está escancarado nas ruas. Os avanços ficam no papel, enquanto a cidade enfrenta um problema prático: não há lixeiras em quantidade e condições adequadas.

A sensação que fica para o cidadão é a de abandono. Andar por Belo Horizonte e tentar descartar um simples papel de bala ou um copo plástico é um desafio. A falta de lixeiras não apenas incentiva o descarte irregular como também desencoraja o cuidado com o espaço público. Se não há lugar para jogar o lixo, como cobrar da população um comportamento diferente?

BH precisa de uma política clara e eficaz de reposição e manutenção desses equipamentos urbanos. Não se trata apenas de sustentabilidade ou de campanhas bonitas; trata-se de respeito pelo cidadão que caminha por suas ruas todos os dias. Lixeiras são mais que recipientes de descarte – são um símbolo de organização e cuidado com o espaço público. E, nesse quesito, Belo Horizonte ainda está devendo, e muito.

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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