Sejam muito bem-vindos e bem-vindas, porque hoje vamos falar sobre um tema que afeta a vida de todos nós — e todos os dias: a mobilidade urbana. Segundo o Censo do IBGE, existe um dado que deveria nos preocupar. O carro é o principal meio de transporte utilizado pelos brasileiros para ir ao trabalho. Isso vai exatamente na contramão da Política Nacional de Mobilidade Urbana, que preconiza a priorização do transporte coletivo em detrimento do transporte individual — ou seja, do carro e da moto. E aqui está um grande problema.
Quem não tem renda para andar de carro ou de moto enfrenta mais de uma hora para chegar ao trabalho. Essa é a realidade de milhões de brasileiros que dependem do transporte público, especialmente do ônibus. Mas vamos aos números, que mostram por que o transporte coletivo deveria ser realmente uma prioridade no nosso país.
Um ônibus pode substituir até 40 carros e consome um espaço muitas vezes menor — cerca de 20 vezes a menos. Mesmo utilizando diesel, o ônibus polui em média oito vezes menos do que um carro. São dados que falam por si só sobre eficiência energética e também sobre impacto ambiental.
Mas, quando falamos de sistemas mais avançados de transporte coletivo, como o BRT, o MOVE, com corredores exclusivos, embarque em nível e tarifas integradas — ou ainda metrô, monotrilho ou VLT, que ainda não existem na nossa região metropolitana —, a eficiência aumenta ainda mais. Esses sistemas podem oferecer viagens mais rápidas do que de carro ou moto, especialmente nos horários de pico.
E por que esse tema é tão importante? Porque a mobilidade é um fator crítico para o desenvolvimento econômico, social e até ambiental. O transporte é o maior emissor de gases de efeito estufa nas nossas grandes metrópoles. E não por acaso, o transporte é considerado um serviço de caráter essencial e um direito fundamental. Quando a mobilidade falha, o hospital não funciona, a escola não abre, o comércio não vende. É uma reação em cadeia que paralisa toda a cidade e exclui quem mais precisa de oportunidades.
Aqui na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nós conhecemos muito bem essa realidade. Ainda lutamos para integrar sistemas, melhorar a qualidade do transporte público e reduzir a dependência do carro e da moto. É um desafio que exige investimentos, planejamento, continuidade — e, certamente, uma nova visão de mobilidade e de transporte coletivo como prioridades.
Agora, tanto eu quanto você compreendemos melhor que este tema deveria ser uma política prioritária. Porque mobilidade não é luxo: é um direito. Não é apenas deslocamento: é acesso à cidade, ao trabalho, à educação e à saúde. E, fundamentalmente, é o direito de ir e vir.