Preste atenção nessa frase: “Precisamos sinergizar os touch points da nossa jornada omnichannel para garantir consistência de brand equity e maximizar o lifetime value dos nossos stakeholders.”
Traduzindo para o português claro, você poderia simplesmente ter dito: “Precisamos alinhar os pontos de contato da marca para manter a consistência e aumentar o valor entregue ao cliente ao longo do tempo.”
Simples assim. Essa linguagem rebuscada, cheia de termos técnicos, é real, mas parece saída de um gerador automático de LinkedIn e certamente precisaria de glossário.
Usar um ou outro termo técnico não é o problema — muitas vezes é necessário. O problema é o uso exagerado de jargões corporativos. Eles podem até parecer sofisticados, mas geralmente mascaram a ausência de ideias reais e desviam o foco do que realmente importa: resolver problemas e tomar decisões.
Para o linguista Steven Pinker, a linguagem deve ser uma ponte, e não uma cortina de fumaça. No chamado corporativês, o profissional parece mais preocupado em mostrar que sabe do que em comunicar algo.
Ao invés de informar, o jargão exclui, confunde e cria barreiras. E o que fazer, então? Basta se perguntar:
- Isso é compreensível para quem não é da área?
- Eu consigo explicar meu ponto sem depender de termos que só um grupo específico entende?
Se a resposta for não, revise seu discurso. Profissionais que conseguem traduzir complexidade em clareza são perigosamente bons.
Pare de se esconder atrás de modismos ou palavras vazias. Quem domina o assunto não precisa parecer inteligente — e isso exige muito mais cérebro do que copiar o pitch do último TED Talk que viralizou.
Você tem repertório? Então use. Porque quem deve ter a palavra, no seu protagonismo, é você.