No Visão Macro de hoje, vamos ampliar ainda mais a discussão sobre política fiscal. Nesse caso, queremos destacar a real necessidade de resolução do problema, pelo menos como endereçamento positivo até 2027, de maneira clara, objetiva e crível por parte dos agentes de mercado. E não apenas o mercado financeiro, não se engane. Não só o mercado de capitais, mas todos os agentes da sociedade e também aqueles que nos financiam — ou seja, outros países.
Isso é tão relevante que, independentemente de quem assumir o Palácio do Planalto após as eleições de 2026, será inevitável enfrentar esse problema de maneira corajosa. Sem isso, não conseguiremos olhar para frente e podemos nos deparar com uma situação ainda mais grave. O resultado? Mais custo de capital. Parece até irônico, dado o nível já elevado hoje. Mas, por exemplo, poderíamos ver uma desvalorização cambial, gerando importação inflacionária, que levaria a uma necessidade ainda maior de elevação do custo de capital para sustentar o financiamento da máquina pública.
Temos uma capacidade limitada de ignorar os problemas a partir de agora. O nível de dívida/PIB chegou a um momento crucial — não apenas pelo número em si, mas pela ausência de perspectiva de resolução. Pelo contrário: vemos a ampliação dos gastos sem qualidade, principalmente via medidas parafiscais, com objetivos eleitorais claros do incumbente diante do processo que se aproxima.
Em 2027, independentemente de quem esteja no Planalto, a não resolução desses problemas custará muito caro. E, mais caro do que para os políticos de plantão, quem realmente pagará a conta será o povo, por meio da alta de preços e de processos nocivos que podem retroalimentar dependências ruins na economia. Isso pode piorar os níveis de emprego, restringir o acesso ao capital e, obviamente, encarecer seu custo.
Mais do que isso, podemos nos tornar párias no cenário mundial, com capacidade reduzida de atrair financiamento externo. Essa talvez seja a maior preocupação, especialmente considerando que os dados de transações correntes têm piorado de forma bastante relevante.
É preciso cuidado e coragem para resolver os problemas de forma dura, mas verdadeira, com uma boa discussão nacional que enfrente as ansiedades da sociedade de maneira realista. Sem isso, não avançaremos. E volto a repetir: independentemente de quem esteja no Palácio do Planalto em 2027, esse problema terá que ser resolvido.