Você já se perguntou por que compras online baratas se tornaram alvo de novos impostos? A chamada “taxa das blusinhas” entrou em vigor no Brasil em agosto de 2024, com alíquota de 60% para encomendas de até 50 dólares, além dos 17% de ICMS.
A medida segue uma tendência crescente na América Latina de tributar pacotes de baixo valor para conter o avanço de plataformas asiáticas de varejo. Outros governos também se movimentaram. No México, os impostos sobre pequenas encomendas subiram de 19% para 33,5% com o objetivo de proteger a indústria local. Chile, Equador e Uruguai avançaram na mesma direção, adotando taxas ou IVA sobre importações — medidas que pesam diretamente no bolso do consumidor.
A realidade é clara: clientes atraídos por preços baixos elogiam plataformas asiáticas que vendem produtos por centavos. Uma lâmina de barbear, por exemplo, pode custar apenas 25 cents de dólar. Já no varejo local, um liquidificador não sai por menos de 180 dólares, quase o triplo do preço online. Mas a questão é: tributar resolve o problema de competitividade?
Na prática, essas taxas oferecem um alívio pontual ao comércio físico, mas elevam o custo de vida. E, em muitos casos, o consumidor mais prejudicado é justamente aquele que busca produtos básicos e acessíveis, por conta da diferença de renda.
Em economia, não existe alquimia. Estender tarifas ao e-commerce chinês pode dar a impressão de proteção, mas não resolve os obstáculos estruturais que limitam a competitividade da produção nacional. A verdadeira solução passa por modernizar a distribuição, reduzir custos logísticos e recuperar a eficiência produtiva — não por erguer barreiras tarifárias de efeito temporário.
Antes de tarifarmos, é preciso entender por que o e-commerce asiático é tão mais barato e por que sua logística é tão mais ágil e menos custosa.