Conflito entre Israel e Irã eleva tensão global e acende alerta sobre armas nucleares

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Lucas Azambuja durante entrevista na 98 News nesta segunda-feira (98 News/Reprodução)

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O cenário internacional começou a semana sob forte tensão após a escalada de ataques entre Israel e Irã. O confronto ganhou novos capítulos desde a última sexta-feira (13/6), quando Israel realizou o que chamou de “ataques preventivos” contra o território iraniano. A medida foi uma resposta ao avanço do programa nuclear do Irã e ao posicionamento histórico do país contra o Estado de Israel.

O professor de relações internacionais do Ibmec, Lucas Azambuja, analisou as possíveis consequências do conflito e destacou, em entrevista na 98 News, a complexidade geopolítica envolvida. “Israel agiu dentro de um contexto onde ela necessitava uma espécie de apoio ou colaboração com os Estados Unidos. […] Isso mostra que já havia uma articulação a respeito disso.”

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Pressão interna e propaganda política

A retórica do governo iraniano, que ameaça deixar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, é vista com cautela pelo professor. Segundo ele, trata-se de uma tentativa do regime de manter o controle político interno.

“Boa parte dos líderes do regime foram eliminados por Israel com uma facilidade muito grande. Então o regime, até para conter a oposição interna, precisa mostrar que ainda está sob controle, que ainda tem potencial de ação. E divulgar esse tipo de informação é uma forma de tentar demonstrar normalidade.”

Apesar disso, Azambuja não descarta a militarização do programa nuclear do Irã. “É provável que isso tenha uma repercussão real, na medida em que o Irã já vinha agindo no sentido de buscar, ao que tudo indica, a militarização do seu programa nuclear.”

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Guerra por procuração e redes logísticas

Na análise do especialista, o Irã exerce hoje um papel logístico para diversos grupos radicais, o que o insere numa teia geopolítica mais ampla. “Israel agiu também motivado pelo fato de que o Irã é uma espécie de centro logístico de vários grupos radicais, do terrorismo, do narcoterrorismo, onde ele serve de intermediário para o tráfico de drogas, minérios, petróleo e outras questões que alimentam regimes e forças irregulares, além de adversários como Rússia e China.”

Azambuja classifica o conflito como parte de uma “guerra por procuração”, com Israel e Estados Unidos de um lado, e Irã, Rússia e China de outro. “A gente pode interpretar esse conflito como o que se chama de guerra próxi. O Irã representando o lado russo-chinês e Israel representando os Estados Unidos. […] Isso demonstra a fragilidade de tentar desenhar esse conflito como uma guerra regional simples.”

Capacidade ofensiva e riscos cibernéticos

Embora o Irã esteja isolado militarmente, sua capacidade de retaliação não pode ser subestimada. Azambuja cita riscos cibernéticos como uma das principais ameaças: “O Irã teria algumas operações fora do país do ponto de vista de hackers, ataques cibernéticos. Isso poderia produzir um dano bastante grande, principalmente contra estruturas críticas.”

Do outro lado, Israel mantém domínio tecnológico e de inteligência militar. “Israel mantém uma dominância do ponto de vista da sua capacidade militar e de inteligência nesse conflito.”

União Europeia deve manter proximidade

Ao contrário da postura mais distante observada durante o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, a União Europeia tende a ter maior envolvimento agora, segundo o professor.

“Já houve um envolvimento da França em operações conjuntas com Israel e Estados Unidos na defesa do espaço aéreo entre Irã e Israel. […] O Irã é uma das bases pelas quais a Rússia consegue operar sua força de guerra na Ucrânia.”

Com isso, o interesse europeu no conflito se intensifica, dado o impacto direto na guerra da Ucrânia, onde o bloco atua de forma contrária aos interesses russos.

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Roberth R Costa

Atuo há quase 13 anos com jornalismo digital. Coordenador Multimídia. Rede 98 | 98 News

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