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Hoje, mais de 90% do orçamento é engessado por despesas obrigatórias (Marcelo Casall Jr/Agência Brasil)

Hoje, mais de 90% do orçamento é engessado por despesas obrigatórias (Marcelo Casall Jr/Agência Brasil)

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O Brasil chegou a um ponto em que discutir a qualidade do gasto público não é mais uma opção, é uma necessidade urgente. A arrecadação segue em alta, mas o crescimento das despesas compromete a sustentabilidade fiscal. A boa notícia é que cresce o entendimento de que o debate precisa sair da polarização ideológica e entrar na arena técnica: como gastar melhor, com mais resultados e menos desperdício.

Hoje, mais de 90% do orçamento é engessado por despesas obrigatórias, o que reduz drasticamente a capacidade do governo de reagir a crises ou investir no futuro. Programas são criados sem avaliação, benefícios se perpetuam sem medição de impacto, e o custo da ineficiência recai, no fim do mês, sobre os ombros do contribuinte. Não se trata de gastar mais ou menos, mas de gastar melhor.

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Para isso, é preciso construir um novo pacto institucional, um consenso que envolva a União, estados e municípios, com metas claras de desempenho, revisão de incentivos fiscais e a introdução de mecanismos permanentes de avaliação de políticas públicas. A população quer resultados: mais saúde, mais segurança, mais educação. O desafio é entregar isso com responsabilidade. Também é fundamental repensar a forma como o orçamento é elaborado.

O país precisa sair do modelo de base incremental — aquele em que se parte do gasto anterior e se acrescenta mais um pouco — para um modelo baseado em evidências e resultados. Programas que funcionam devem ser fortalecidos. Os que não funcionam precisam ser reformulados. Nesse cenário, o papel do Congresso Nacional também é essencial. Deputados e senadores precisam parar de legislar no automático e passar a exigir avaliação técnica antes de aprovar novos gastos.

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O país não pode mais conviver com leis que criam despesas permanentes sem dizer de onde virá o dinheiro. O equilíbrio fiscal é responsabilidade compartilhada entre todos os Poderes. Em economia, não existe alquimia. Se quisermos um Estado eficiente, com capacidade de entregar bem-estar à população, será preciso rever onde, como e por que estamos gastando. O dinheiro do contribuinte é escasso e precisa ser tratado com seriedade.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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