Tarifaço e abismo: o alerta econômico da Fiemg

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Setores como siderurgia, metalurgia, máquinas, equipamentos, veículos e calçados estão entre os mais afetados (Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG)

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Apresentado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), um estudo que joga luz, e alarme, sobre os impactos do tarifaço anunciado por Donald Trump sobre o Brasil. Se no próximo 1º de agosto as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos forem confirmadas, o custo para o Brasilk e para Minas Gerais pode ser devastador. E isso não é retórica inflamada ou paranóia diplomática: são números, projeções e cenários com base técnica e fundamentos sólidos.

A reciprocidade anunciada pode ser pior para o Brasil

Para os economistas da entidade, mesmo sem retaliação por parte do Brasil, o impacto direto e indireto das tarifas americanas poderá representar uma queda de 1,49% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a longo prazo, aproximadamente R$175 bilhões retirados da já combalida economia nacional.Serão mais de 1,3 milhão de postos de trabalho que deixariam de existir no país.E se houver retaliação esse cenário piora, A queda do PIB sobe para 2,2% e os empregos perdidos ultrapassam a marca de 1,9 milhão.

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A base da projeção da Fiemg é um modelo de equilíbrio geral computável, uma ferramenta reconhecida no meio econômico,que leva em consideração tanto o efeito direto das tarifas quanto os impactos sistêmicos na cadeia produtiva, no consumo das famílias, na arrecadação fiscal e na confiança empresarial.

O estudo acerta ao apontar o epicentro da crise em Minas Gerais, estado com vocação exportadora e grande presença da indústria de transformação e mineração. Setores como siderurgia, metalurgia, máquinas, equipamentos, veículos e calçados estão entre os mais afetados. Segundo a Fiemg, apenas no setor siderúrgico, a queda nas exportações pode chegar a 12,5%. É um baque que não afeta apenas grandes conglomerados, desorganiza toda a cadeia de fornecedores e prestadores de serviços, com forte repercussão sobre o emprego formal.

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Mais do que os números absolutos, o que esse estudo da Fiemg deixa claro é o grau de exposição da economia brasileira, e especialmente da indústria mineira, a choques externos, sobretudo quando há ausência de uma estratégia nacional de proteção e diversificação de mercados. Os Estados Unidos ainda são um dos principais destinos das exportações brasileiras industrializadas. Em tempos de geopolítica instável e populismo tarifário, esse risco se transforma em vulnerabilidade.

A análise da Fiemg também aponta o efeito cascata sobre a renda das famílias: a renda real nacional pode cair até R$36,2 bilhões, com impacto direto no consumo interno, que já se mostra hesitante. Esse ciclo vicioso, menos exportações, menos emprego, menos renda, menos consumo, é o retrato de uma recessão fabricada por fatores externos, mas potencializada por uma política comercial frágil e reativa.

O alerta está dado. O tarifaço de Trump não é apenas um episódio de bravata eleitoral americana. É um torpedo real na estrutura produtiva brasileira. O governo federal precisa encarar esse desafio com seriedade, firmeza e articulação internacional. E, sobretudo, ouvir quem produz. O estudo da Fiemg é um grito técnico que não pode ser ignorado.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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