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Com as pessoas saindo dos centros, aumentam os deslocamentos, o trânsito e o custo de vida (IMAGEM ILUSTRATIVA/PBH/Divulgação)

Com as pessoas saindo dos centros, aumentam os deslocamentos, o trânsito e o custo de vida (IMAGEM ILUSTRATIVA/PBH/Divulgação)

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Você já se perguntou por que as nossas metrópoles crescem cada vez mais espalhadas, enquanto os centros se esvaziam? Dados do Censo de 2022 mostram que, entre 2000 e 2022, as 10 principais regiões metropolitanas do Brasil cresceram 15,8%, enquanto o centro dessas cidades encolheu 2,7%. Isso reflete um fenômeno que se torna cada vez mais preocupante.

Com as pessoas saindo dos centros, aumentam os deslocamentos, o trânsito e o custo de vida, em troca de acesso reduzido a serviços públicos. Metrópoles adensadas oferecem mais qualidade de vida, menos tempo no trânsito, melhor acesso à saúde, educação, cultura e lazer, e geram menos emissões de CO₂, além de proteger áreas verdes. Também aliviam os cofres públicos, já que o custo por habitante em infraestrutura, como esgoto e transporte, é bem mais baixo em áreas concentradas.

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Em Belo Horizonte, o cenário é crítico. Cerca de 80% dos prédios têm até quatro andares, o que revela um subaproveitamento urbano e estrutural. Segundo especialistas, a capital mineira possui muito espaço inexplorado em regiões centrais — locais que contam com infraestrutura pronta, mas cujo potencial para crescimento vertical ainda está represado.

Para destravar esse potencial, a Prefeitura de Belo Horizonte publicou um decreto que regulamenta a Lei do Retrofit, incentivando a requalificação de imóveis antigos no hipercentro e arredores. O decreto prevê benefícios fiscais, exigência de comércio no térreo e terraços abertos ao público, além de residências nos andares superiores — uma fórmula para dar vida nova a prédios subutilizados.

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Além disso, a Prefeitura estuda incentivos à construção de prédios de até 50 andares via outorga onerosa e licenciamento simplificado, especialmente em áreas próximas ao BRT e ao metrô. A ideia é substituir o modelo de licenciamento horizontal por edifícios bem localizados, aproveitando a infraestrutura existente e estimulando uma melhor oferta habitacional no centro.

Há exemplos internacionais que mostram que adensamento e retrofit andam de mãos dadas com mobilidade urbana e qualidade de vida, mas é essencial garantir que cresçam junto com transporte público eficiente, áreas verdes e serviços adequados. Um centro muito alto sem planejamento só agrava o caos, como alertam urbanistas.

Em economia, não existe alquimia. Cidades bem adensadas são consequência de incentivos corretos, oferta urbana compatível, demanda estimulada e preços que reflitam o valor. Aqui, o retrofit e as novas regras urbanísticas funcionam como ajustes de mercado: oferecem benefícios fiscais e regulatórios, induzindo a reabilitação de imóveis para que o adensamento ocorra de forma ordenada e econômica.

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Cidades adensadas com planejamento são mais sustentáveis, eficientes e vibrantes, reduzindo o custo urbano, preservando o território e melhorando a vida de quem vive nelas.

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Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

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